Ciência

Canhões na Lua: uma ideia que parecia loucura

O físico Gerard O’Neil sugeriu usar canhões eletromagnéticos na Lua; hoje em dia, a ideia parece viável (e parte dela já se concretizou)

Por Pedro Spadoni

O físico Gerard O’Neil, falecido em 1992, era professor na Universidade de Princeton. E visionário. Em 1974, O’Neil propôs o uso de canhões eletromagnéticos para lançar cargas a partir da Lua. Na época, pareceu loucura. Hoje em dia, nem tanto.
A General Atomics Electromagnetic Systems apresentou um relatório ao Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea dos EUA no final de 2023. E o título do documento era: “Lançamento Eletromagnético Lunar para Exploração de Recursos para Melhorar a Segurança Nacional e o Crescimento Econômico”.

O relatório de 30 páginas — assinado por Robert Peterkin, diretor de operações da empresa — enfatiza que a Lua é rica em recursos como silício, titânio, alumínio e ferro. Também aponta que a perspectiva de explorar a água lunar é promissora.

Uma economia lunar do futuro não muito distante fará uso desses recursos lunares para reabastecer, reparar e reabastecer espaçonaves em órbita lunar a um custo menor do que entregar recursos terrestres do poço gravitacional profundo da Terra”, diz o documento.

Lançamentos eletromagnéticos de material da superfície lunar, continua o relatório, podem ser significativamente mais eficientes do que lançamentos de foguetes convencionais que dependem de combustíveis químicos importados da Terra para a Lua.

O relatório delineia recomendações sobre como amadurecer a tecnologia necessária para lançar material lunar extraído e processado no espaço cislunar (região entre a Terra e a Lua) para sustentar um conjunto de missões espaciais emergentes.

Usar recursos lunares para reparar e reabastecer espaçonaves cislunares requer avanços em várias tecnologias. Um deles é encontrar uma maneira confiável de mover material da superfície lunar, disse Peterkin em entrevista ao Space.com.
Para essa tarefa, um canhão eletromagnético moderno seria uma boa pedida, disse Peterkin. Isso porque o equipamento usaria energia solar (abundante na Lua) como fonte de energia principal, em vez de importar combustível de foguete da Terra.

O governo dos EUA deve financiar uma evolução do sistema de lançamento eletromagnético de aeronaves existente, agora operando de forma confiável no porta-aviões nuclear Gerald R. Ford da Marinha dos EUA”, aponta Peterkin.

Fabricado pela General Atomics, esse hardware baseado em porta-aviões é chamado de Sistema de Lançamento Eletromagnético de Aeronaves (EMALS, na sigla em inglês). Ou seja, a tecnologia proposta pelo físico Gerard O’Neil já existe. Agora, falta achar um jeito de transportá-la para a Lua. E fazê-la funcionar lá.

(Foto: General Atomics Electromagnetic Systems)

Fonte: Olhar Digital

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