Insegurança alimentar grave afetou 14 milhões de brasileiros
De acordo com um recente relatório da ONU, 6,6% da população brasileira enfrentou insegurança alimentar grave no período de 2021 a 2023. Esse número alarmante representa cerca de 14 milhões de pessoas, destacando a persistência desse problema no país. O relatório, intitulado “Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo 2024”, foi divulgado nesta quarta-feira (24).
Apesar de uma leve redução em relação ao triênio anterior, quando 21 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar grave, a questão ainda está longe de ser resolvida. Em termos percentuais, a queda foi de 9,9% para 6,6% da população afetada, mas o cenário ainda é preocupante.
Mas afinal, o que exatamente significa insegurança alimentar? Segundo a ONU, o termo refere-se ao “acesso limitado aos alimentos, ao nível de indivíduos ou famílias, por conta da falta de dinheiro ou outros recursos”. Esse fenômeno é medido através da Food Insecurity Experience Scale Survey Module (FIES-SM).
A insegurança alimentar é classificada em três níveis
- Leve — incerteza sobre a capacidade de obtenção de alimentos;
- Moderada — a qualidade e quantidade dos alimentos é comprometida;
- Grave — ausência de consumo de alimentos por um dia ou mais.
Quando incluímos quem enfrenta a insegurança alimentar moderada, o número sobe para impressionantes 39,2 milhões de pessoas. O impacto social e econômico da insegurança alimentar no Brasil é vasto. Afetando de crianças a idosos, essa condição agrava problemas de saúde, educação e desenvolvimento econômico. Segundo o relatório, o Brasil ainda não conseguiu sair do Mapa da Fome, apesar das pequenas melhorias observadas.
É importante mencionar que nos triênios incluindo os anos de 2020 a 2022, o contexto da pandemia de covid-19 e o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro foram críticas para o aumento da insegurança alimentar.
O governo federal, por meio do ministro Wellington Dias, afirmou que está trabalhando para que o Brasil saia do Mapa da Fome até 2026. Com o plano “Brasil sem Fome”, que articula 80 programas de governo integrados com estados e municípios, espera-se mitigar a situação o mais rápido possível.
Wellington Dias destacou que os avanços no combate à fome mostram que é possível reduzir significativamente os índices de insegurança alimentar quando há vontade política, recursos e conhecimento.
Em escala global, o relatório da ONU destaca que cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023, o que representa uma em cada 11 pessoas no mundo. Este número é equivalente aos níveis de desnutrição de 2008-2009, mostrando um significativo retrocesso nos últimos 15 anos.
As tendências regionais variam
- África — 20,4% da população enfrenta fome, situação agrava-se;
- Ásia — 8,1% enfrenta fome, cenário estável;
- América Latina — 6,2% enfrenta fome, houve progresso.
Se as tendências atuais persistirem, estima-se que em 2030, cerca de 582 milhões de pessoas estarão cronicamente subnutridas, metade delas na África.
A luta contra a insegurança alimentar é uma batalha que precisa de atenção constante e de esforços coordenados. A esperança é que com políticas eficazes e cooperação internacional, possamos ver melhorias significativas nos próximos anos.
Fonte: Terra Brasil Notícias