Cultura

A neblina

A noite estava nebulosa, uma senhora tomava um chá enquanto buscava encontrar algumas estrelas entre as nuvens. Em seus pensamentos, a solidão era prazerosa, garantia a ela uma sensação de liberdade. Sentada na sala, ela olhava tudo ao redor pelas imensas paredes de vidros. Era um momento de paz pessoal.
A neblina ficou mais densa e a visibilidade quase zero. A senhora começou a sentir um incômodo estranho. Para qualquer lugar que ela olhasse, sentia alguém a vigiando. Ela colocou uma música e terminou o chá, sem dar importância à sensação que a afligia. Após lavar a xícara de chá, ela pensou em ir para o quarto, contudo, a sua curiosidade a fez retornar para a sala. Ela se sentou no mesmo lugar e continuou a olhar para a neblina. O céu não estava mais visível em nenhuma direção. Era como se a neblina tocasse os vidros da casa.

Ao olhar para frente, ele percebeu algo na parte de trás da sala. Um arrepio tomou inesperadamente. Ela se levantou e foi até o outro lado, mas não havia nada que justificasse. Então, ela resolveu se sentar no meio da sala, entre as duas paredes de vidros. Ela fechou os olhos e se permitiu ouvir além do silêncio. Pensou em abrir a porta, mas algo a impediu de fazer isso. Segundos após a sua meditação, ela abriu os olhos e respirou fundo. Ela não estava com medo, porém, o que estava ali roubava a sua paz.

Por milésimos de segundos, algo atravessou a varanda de um lado a outro por entre a neblina. Foi nítido ao seu olhar. Era um homem, na verdade, era a sombra de um homem. Ela firmou a sua mente em Deus e não permitiu que o medo a desestruturasse. A sombra persistiu em aparecer para ela rodeando a casa de vidro. Era uma ameaça, contudo, ela permaneceu sentada sem demonstrar nenhuma emoção. Ela fechou os seus olhos novamente, respirou fundo e se levantou. Foi até a cozinha, tomou um comprimido com os olhos fixos na sombra entre a neblina. Foi até a sala e sorriu, em silêncio, ela caminhou até o quarto, fechou as cortinas e conseguiu adormecer rapidamente. Em seus pensamentos, a solidão já não era tão prazerosa e libertadora, pois o fato era que não existia a solidão real.

Autora: Silvia Vanderss
Conto: A neblina
Palavras: 382
Inédito

Silvia Vanderss

Silvia Vanderss

Autora capixaba, com formação em Administração e Letras Seis obras publicadas que abrangem os gêneros, romance, suspense e poesia Blog literário: www.silviavanderss.com.br

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish