Paleo & Arqueologia

Luxuosa vila romana aristocrática é descoberta durante obras na França

Durante construção de estrada, antiga vila romana com nível impressionante de riqueza foi descoberta na França

Por Éric Moreira

Recentemente, durante a construção de uma rota alternativa à D606, uma estrada regional localizada a pouco menos de três quilômetros de Auxerre, no centro da França, arqueólogos de resgate foram acionados e desenterraram uma extensa vila romana que chamou bastante atenção com seu exorbitante nível de riqueza. Ela inclui um jardim imponente, uma fonte e um elaborado sistema de aquecimento de piso conhecido como hipocausto.
Segundo declaração do Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP), os pesquisadores já tinham conhecimento de ruínas nos arredores do assentamento galo-romano de Autissiodorum (como Auxerre era conhecida no passado) desde o século 19. A escavação mais recente ali realizada ocorreu em 1966, quando um edifício de 710 metros quadrados e dez cômodos e comodidades foi encontrado — o que já sugeriu a riqueza e poder regional que seus moradores poderiam desfrutar.

Porém, até agora, a verdadeira escala da vila — conhecida como Sainte-Nitasse — e de suas propriedades agrícolas ao longo do Rio Yonne não era clara para os pesquisadores. Mas, recentemente, arqueólogos do INRAP conseguiram descobrir uma construção com pouco menos de 4.000 metros quadrados, que acreditam datar de entre os séculos 1.º e 3.º, sugerindo um nível de grandeza até então inimaginável.

Identificado como uma das “grandes vilas da Gália Romana“, segundo o INRAP, o local é caracterizado por vastas dimensões e estilo arquitetônico sofisticado. Essas vilas geralmente abrangiam áreas agrícolas (pars rustica) e residenciais (pars urbana) — sendo estas últimas marcadas por materiais de construção imponentes, como mármore, extensos mosaicos e afrescos, e comodidades como banheiros privativos, fontes e jardins.

E as escavações feitas em Sainte-Nitasse já revelaram todas essas características, e ainda mais. Nela, conforme repercute a Smithsonian Magazine, havia um jardim de 460 metros quadrados, cercado por uma fonte ao sul e um tanque de água, ou um lago ornamental, ao norte. O hipocausto, um sistema de aquecimento central que circulava ar quente debaixo do piso da residência, ainda indica um nível de luxo bastante atípico para a maioria das propriedades rurais da Gália Romana.

Podemos imaginá-la como uma vila ‘aristocrática’, pertencente a alguém com riquezas, responsabilidades — talvez municipais, dada a proximidade de Auxerre — um proprietário de terras que tinha funcionários no local”, explica o arqueólogo responsável pelas escavações, Alexandre Burgevin, à France Info.

Seção do sistema de aquecimento por hipocausto da vila (Foto: Divulgação/INRAP/Ch. Fouquin)

Além disso, próximo às margens do Yonne, também foi encontrado um local de banhos termais que contava com diversas piscinas, onde o proprietário e sua família podiam se banhar. Já do outro lado do jardim, havia amplos campos, onde trabalhadores do proprietário da vila passavam grande parte de seus dias.
Por fim, além do tamanho e das comodidades que os arqueólogos puderam descrever, o próprio nível de preservação da vila também foi motivo de surpresa.

Para um sítio rural, é bastante excepcional”, comenta Burgevin ao L’Yonne Républicaine. “Você pode caminhar sobre pisos da época, circular entre cômodos como os galo-romanos faziam”.

Ascensão e declínio
Com o passar do tempo, a vila de Autissiodorum cresceu, tornando-se uma grande cidade ao longo da Via Agripa, a famosa rede de estradas romanas, chegando inclusive a servir como capital provincial por volta do século 4.º. Porém, conforme a Gália começou a se distanciar do Império Romano, na mesma época, a proeminência da cidade oscilou. Segundo os arqueólogos do INRAP, o sítio provavelmente foi reaproveitado durante a época medieval, por volta do século 13.

Agora, os arqueólogos devem continuar escavando o local até setembro, quando a construção da estrada será retomada. Até lá, novas descobertas ainda podem ser feitas, ajudando a preencher ainda mais lacunas da cronologia da região durante as eras romana e medieval.

Fonte: Aventuras na História

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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