O toque

Uma nova amizade surgiu no meu meio social. Um olhar sofrido e distante que buscava conforto constante na bebida, nas piadas, nas risadas não compreendidas. Essa amizade foi massacrada pela vida, por suas perdas imensuráveis. Quanta amargura você carrega em seu coração.
Em uma agradável confraternização, as horas se passaram ligeiramente. No final, entre despedidas e abraços, ela tocou a minha mão e uma energia aflitiva me tomou, a nossa conexão foi o próprio desespero. Nos seus olhos, o medo da solidão imposta por um destino que ela não escolheu. Quase pude ouvir o pranto dos seus pensamentos. Somente por meio daquele toque desesperado conheci a profundidade da escuridão que a cercava.
O tempo passou, a distância aconteceu, eu não a encontrava mais, contudo, orava por aquela amizade. Entretanto, a vida se fez tempestade novamente e a dor a tomou mais uma vez. Tive vontade de confortar, abraçar e proteger, mas não foi possível. Até que um encontro ocorreu e lá estava ela, mais pálida, menos risonha, com pouca bebida e sem nenhuma piada. Seu olhar distante buscava alguma afinidade entre as conversas agradáveis.
Em um segundo de sorrisos bobos e distração, um novo toque surgiu: não vá embora! Novamente, aquele olhar me quebrantou, mas o que eu poderia fazer, além de oferecer a leveza de uma amizade superficial. Escolhi ficar para suprir um pouco mais, fiquei para acalmar aquela alma destruída. Mesmo sem maiores familiaridades, busquei iluminar a nossa nova amizade com um simples sorriso que dizia: estou aqui por você! O toque permaneceu mais forte e por mais tempo. Então, a nossa conexão começou a fazer sentido.
Autora: Silvia Vanderss
Conto: O toque
Inédito
Palavras: 272








