Meio ambiente

Planeta perdeu dois terços da vida selvagem nos últimos 50 anos

Relatório da WWF aponta redução de 68% das populações animais do planeta desde 1970, o que inclui mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e peixes

O Relatório Planeta Vivo 2020, da ONG internacional Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), aponta que dois terços da vida selvagem do planeta desapareceram em menos de meio século. Segundo o documento, isso inclui mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e peixes. O motivo? Principalmente a destruição ambiental em massa provocada por seres humanos, o que também contribuiu para o surgimento de doenças zoonóticas como a covid-19.
O Índice Planeta Vivo (LPI), fornecido pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), na Inglaterra, mostra que, entre os fatores que contribuíram para o surgimento da pandemia, estão o uso da terra e o uso e comércio de vida selvagem. Este último também contribuiu para declinar quase 68% das populações globais de espécies de vertebrados entre 1970 e 2016.

“Não podemos ignorar as evidências, esses graves declínios nas populações de espécies selvagens são um indicador de que a natureza está se desintegrando e que nosso planeta está emitindo sinais de alerta vermelhos de falha dos sistemas”, alerta Marco Lambertini, diretor-geral da WWF Internacional, em nota. “Dos peixes em nossos oceanos e rios às abelhas que desempenham um papel crucial em nossa produção agrícola, o declínio da vida selvagem afeta diretamente a nutrição, a segurança alimentar e a subsistência de bilhões de pessoas”.

Segundo Lambertini, agora é mais importante do que nunca criar uma ação global coordenada e sem precedentes para interromper e reverter a perda de biodiversidade e populações de vida selvagem em todo o mundo, ainda mais em meio à pandemia do novo coronavírus. Essas ações também serão importantes para proteger nossa saúde e meios de subsistência futuros.
O LPI rastreou quase 21 mil populações de mais de quatro mil espécies de vertebrados entre 1970 e 2016. O índice também aponta que as populações de animais aquáticos encontradas em habitats de água doce sofreram um declínio de 84%. Um exemplo é a desova da população de esturjão-chinês no rio Yangtze, na China, que diminuiu 97% entre 1982 e 2015 devido ao represamento da hidrovia.
Além de observar a perda significativa no número de animais, o LPI apontou as espécies ameaçadas de extinção, como o gorila-da-planície-oriental, cujos números no Parque Nacional Kahuzi-Biega, na República Democrática do Congo, apresentaram declínio estimado em 87% entre 1994 e 2015, principalmente devido à caça ilegal.
“No melhor cenário, essas perdas levariam décadas para ser revertidas, e futuras perdas irreversíveis de biodiversidade são prováveis, colocando em risco uma miríade de ecossistemas dos quais as pessoas dependem”, disse David Leclère, líder do estudo que embasou o relatório publicado na última quinta-feira (10), na revista Nature.

Fonte: Revista Galileu

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