Ciência

Astrônomos descobrem estrela na Via Láctea que pulsa de apenas um lado

Astros como o HD74423, localizado a 1.500 anos-luz de nós, já haviam sido previstos em modelos teóricos, mas nunca haviam sido observados — até agora

Um novo tipo de estrela que pulsa de apenas um lado foi descoberto segundo um estudo publicado recentemente na revista Nature. Conhecido como HD74423, o astro está dentro da própria Via Láctea, situada a 1.500 anos-luz da Terra, e tem o equivalente a 1,7 vezes a massa do nosso Sol.
“O que me chamou a atenção primeiro foi o fato de ser uma estrela quimicamente peculiar”, disse Simon Murphy, coautor do estudo e membro do Instituto de Astronomia da Universidade de Sidney, Austrália, em comunicado. “Estrelas como essa geralmente são bastante ricas em metais —, mas essa é pobre [nesse quesito], tornando-a um tipo raro de estrela quente”.
De acordo com os especialistas, estrelas como a HD74423 já haviam sido previstas por modelos teóricos, mas nunca encontradas anteriormente. “Eu procuro uma estrela assim há quase 40 anos e agora finalmente encontramos uma”, contou Don Kurtz, coautor do artigo associado à Universidade do Centro de Lancashire, no Reino Unido.

Estrelas como essa geralmente são bastante ricas em metais —, mas essa é pobre [nesse quesito], tornando-a um tipo raro de estrela quente”

Pulsações

Estrelas que pulsam são conhecidas na astronomia há muito tempo — nosso próprio Sol faz parte desse grupo. Como contam os astrônomos, essas pulsações rítmicas ocorrem em estrelas jovens e velhas e podem ter períodos longos ou curtos, além de uma ampla gama de forças e causas diferentes. O que surpreendeu a equipe foi descobrir que apenas um dos lados do astro pulsa.
Segundo os cientistas, a causa da pulsação unilateral é simples: a estrela está localizada em um sistema binário com uma anã vermelha, o que distorce suas oscilações por conta da gravidade. Isso porque o período orbital do sistema binário tem menos de dois dias e é tão curto que a estrela maior está sendo distorcida, como uma espécie de lágrima, pela força gravitacional da companheira.
Foi após descobrir isso que a equipe, então, observou que a força das pulsações dependia do ângulo sob o qual a estrela estava sendo avaliada, além de sua orientação no sistema binário — que corresponde ao período orbital do sistema. Para os especialistas, isso significa que a força da pulsação varia com o mesmo período que o do sistema binário, indicando que os pulsos são provenientes de apenas um lado do astro.
É assim que os astrônomos podem ter certeza de que as pulsações foram encontradas apenas em um lado da estrela, com as pequenas flutuações no brilho sempre aparecendo em suas observações quando o mesmo hemisfério da estrela era apontado para o telescópio. “À medida que as estrelas binárias orbitam umas às outras, vemos diferentes partes da estrela pulsante”, afirmou David Jones, coautor da pesquisa. “Às vezes, vemos o lado que aponta para a estrela companheira e, às vezes, vemos a face externa”.

Fonte: Galileu.com

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