Política

Competência e modernidade

“A mobilidade urbana, nas últimas pesquisas identificadas, é o maior problema vivido pelo cidadão de capital”

Halpher Luiggi, casado, pai de três filhos e pré-candidato a prefeito de Vitória, nasceu em Colatina. Morou em várias cidades do interior do Estado e, com dez anos de idade, veio morar no Centro de Vitória. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), é servidor público federal de carreira, passou em primeiro lugar no concurso da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em 2009.
Sempre com a carreira voltada para a infraestrutura, trabalhou com rodovias, ferrovias, hidrovias, terminais de transbordo, projetos, processo licitatório, gestão de contratos, gestão da infraestrutura e na administração pública, sempre no sentido de avançar com investimentos.
Na última terça-feira (25), o ex-diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), concedeu entrevista ao Fatos & Notícias e falou, como pré-candidato, sobre algumas ações em áreas sociais que podem melhorar a vida dos cidadãos de Vitória.
“Fui superintendente do Dnit aqui no Espírito Santo, depois, a convite do governador Paulo Hartung, assumi a diretoria do Departamento Estadual de Rodagem (DER), em seguida, aceitei o convite do ex-presidente Michel Temer para assumir o cargo de diretor executivo do Dnit. Saindo, voltei para meu órgão de origem de governo e fiquei assessorando a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília e, em um determinado momento de 2019, entendi que estava na hora de retornar ao Espírito Santo porque tinham grandes projetos acontecendo aqui, inclusive no âmbito da ANTT”, explica.
Continuando o seu histórico de vida Halpher faz questão de definir sua personalidade e se diz católico e torcedor fanático do Vasco da Gama. “Como pessoa, sou como a maioria dos brasileiros, cristão, descendente de italiano, católico, gosto muito de futebol e sou torcedor convicto do Vasco da Gama. Sou uma pessoa alegre e simples, tanto que estou há 30 anos morando em Vitória, no mesmo lugar, no Centro da capital. Sou um pré-candidato alinhado à direita e ao conservadorismo, sem perder a vontade de inovar”, diz.
Por ser servidor público e conhecer as demandas e dificuldades, muitas vezes enfrentadas pelos próprios servidores, o faz querer galgar um degrau a mais para que máquina pública consiga avançar.
“A minha ideia, ao entrar na política, é mais ou menos usar toda essa minha experiência e expertise técnica, como servidor estadual e federal, e de conhecedor da máquina pública. Todo investimento, para ser realizado de uma maneira adequada, tem que ter estudos, planejamento, depois o projeto, depois a licitação e o contrato de execução. Não tem jeito, você tem que passar por essas etapas. Se o cidadão chegar e prometer obra ou uma melhoria de serviço, sem seguir esse caminho, pode esquecer, ele vai dar com os burro n’água. Hoje, existem regras para se fazer as coisas e, se a gente não respeitar, dificilmente a gente consegue chegar lá”, analisa.

Educação (Foto: Pronatec)

Outro ponto bastante explorado por Halpher é a educação que, para ele, precisa ser tratada com muita seriedade pelo poder público e os gestores públicos em geral. Ele explica que, desde o governo de Victor Buaiz, passando pelos de Paulo Hartung, Luiz Paulo, João Coser e Luciano Rezende, todos eles, sem exceção, deram sua contribuição para que o sistema educacional de Vitória avançasse.
“Quase toda a população tem acesso à educação pública e gratuita, mas ainda não está qualificado o suficiente e, outro ponto muito importante, o pai, a mãe, aquele que rege a orquestra familiar, não tem muita opção dentro do setor público de escolher que tipo de educação ele gostaria de dar para seu filho. Muitas vezes, tem pai que quer colocar o filho na escola de tempo integral e não consegue porque a escola fica distante da sua casa ou aquela que está mais próxima da casa dele não tem a quantidade de vaga suficiente. Outro ponto que identifiquei, além do ensino regular normal existe outra demanda que é a escola de orientação cívico-militar, não trata-se de uma discussão se você é a favor ou contra esse modelo de educação, o fato é que, existe uma demanda da população para que aquele tipo de educação seja ofertada pelo município. Acho isso muito importante, já estou estudando a localização de, pelo menos, duas instituições com esse modelo no município. Você precisa dar essas opções para o pai ou mães decidir o que quer para a criança. Precisa elevar as notas dos indicativos nacionais e internacionais”, esclarece.
Para Halpher, a educação não pode ser dissociada da cultura, pois em qualquer lugar do mundo onde a educação é de alto padrão, a cultura é muito forte dentro do meio estudantil. “Atividades culturais, mesmo que sejam da cultura econômica, precisam ser disseminadas. Levar a cultura empreendedora para dentro da escola, atividades culturais como teatro, apresentar os alunos ao mercado. Hoje, o aluno termina o ensino médio sem saber como funciona o mercado, sem o entendimento da Constituição Federal, como funciona a estrutura política do País, essas e outras coisas precisam fazer parte da grade curricular das nossas crianças e dos nossos jovens”, salienta.
Outro problema crônico, mas que não é exclusividade do município A ou B e, sim, do País, é a questão da saúde pública. “A Saúde é um problema sério e muito complexo, pois ela é cara e suas formas de financiamento também, e é aí que reside o problema por conta do Sistema Único de Saúde (SUS), que trata-se de um emaranhado de regras. O prefeito precisa, primeiramente, organizar a estrutura da saúde, organizar as formas de financiamento porque o primeiro atendimento é de competência do município e ele tem que continuar a ser ofertado. Observar a população dos bairros, ver a necessidade de se ter um ou mais posto de saúde, tudo isso implica em ter estratégias bem definidas para que a coisa toda ocorra de acordo com as leis”.
Tema bastante debatido nos países desenvolvidos e que tem desafiado o poder público, por causa dos impactos ambientais, a mobilidade urbana se torna uma realidade mais que urgente e a ausência de políticas específicas para aumentar a oferta de meios de transporte viáveis e eficientes resulta diretamente na busca pelo transporte individual.
“A mobilidade urbana, nas últimas pesquisas identificadas, é o maior problema vivido pelo cidadão de capital. Os centros nervosos da economia de Vitória migraram para a Enseada do Suá e Praia do Canto, todo mundo, não só de Vitória, mas da Grande Vitória, se desloca para esse centro nervoso e, aí, você gera demanda de todas as vias. Precisamos incentivar a mudança do dinamismo econômico da cidade e a melhor forma de se fazer isso é trazer de volta esse dinamismo para Maruípe, Ilha de Santa Maria, centro da cidade, Goiabeiras, Vila Rubim. Isso seria muito positivo”, destaca Halpher.

Ciclovia da avenida Vitória (Foto: Leonardo Silveira)

Ele acrescenta que “O que está faltando no planejamento de mobilidade em Vitória é que precisamos entender que trata-se de uma cidade apertada, geograficamente pequena. Sendo assim, a gente consegue fazer muitos percursos a pé, de bicicleta, se tivesse um sistema de transporte coletivo adequado, um ônibus ou outro tipo de transporte, incentivaria as pessoa a deixarem seus carros na garagem. Vitória, tem muitos gargalos. Nossa central de tráfego semaforizado é antiga, ela não funciona com aquilo que chamamos de “nós entrelaçados”, seria muito mais interessante colocar sensores nos semáforos, ficaria mais barato e mais efetivo”. Quando falamos de transporte hidroviário, do veículo leve sobre trilhos (VLT), ou metrô, nada disso a gente consegue se não houver uma integração com os municípios vizinhos”, enumera.
De acordo com Halpher, está na hora do município de Vitória dar lugar aos pequenos empreendedores, juntar o Banco de Desenvolvimento do ES (Bandes), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do ES (Crea-ES) e outras instituições financeiras e criar linhas de crédito, mesmo que subsidiadas. “Subsidiamos tantas coisas então, por que não isso? Afinal eles geram 78% dos empregos no País”, finaliza.

Errata: Foi dito na matéria que o pré-candidato nasceu em Santa Teresa e o nome dele também foi escrito errado, assim como a sigla Dnit. Essas informações foram corrigidas.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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