Política

Cadê a saúde na Serra?

O povo não adoece e muito menos precisa de remédios, procede? Acho que não. Talvez seja assim que o atual prefeito, Audifax Barcelos, mais preocupado em tremular bandeirinha e distribuir adesivos de campanha eleitoral, esteja pensando. Na segunda-feira (09), estive visitando as Unidades de Pronto Atendimento de Castelândia e de Carapina e pude registrar o descaso da administração municipal com o povo serrano. As UPAs estão sempre lotadas e os seus funcionários mal-humorados retratam bem a que ponto o município chegou nesses últimos anos. Pudemos comprovar que a saúde da Serra está em coma profundo e entregue às baratas.
Nossa reportagem tentou falar com o administrador da UPA de Carapina, cargo comissionado e indicação de vereador, mas não conseguiu porque fomos informados que ele não estava na unidade. Perguntamos o nome completo dele à atendente e ela disse não saber, insistimos na pergunta e, ela, grosseiramente, respondeu que não tinha a obrigação de saber o nome do gerente.
“Estamos abandonados, a prefeitura não nos trata como devia. Pagamos nossos impostos, mas quando precisamos somos tratados que nem cachorro. Estão passando no meu bairro pedindo voto para o candidato do prefeito, Fábio de não sei o quê, dizendo que a Serra está no caminho certo. Não sei que caminho é esse. Audifax foi a pior coisa que o nosso município já teve”, afirmou uma senhora que preferiu não se identificar
Para Dona Laura Fernandes de Paiva Pimenta, moradora de Eldorado o atendimento é muito demorado. “Estou com manchas no braço, acho que estou com dengue. Tem três horas que estou aguardando. É a segunda vez que venho aqui e não consigo ser atendida. As atendentes são ignorantes com a gente”, lamentou a paciente.
Francisco Meireles Neto que acompanhava sua avó dona Mariana Meireles Rodrigues, de 100 anos de idade, disse que estavam há mais de uma hora aguardando para serem atendidos. E mais absurda foi resposta recebida pelo neto ao exigir o tratamento preferencial para a avó, quando a atendente disse que isso não existia na unidade. “Somos de Cidade Continental, minha avó deveria ter atendimento preferencial, ela tem mais de 100 anos de idade, mas as atendentes dizem que aqui na UPA não existe isso. Minha avó está com muitas dores abdominais, está sem evacuar há quase um mês. É uma vergonha”.

Só para lembrar à funcionária que, está ali para servir ao povo, existe uma lei federal (Lei 10.048, de 2000) que, por ironia do destino, completou 20 anos no último domingo, e garante prioridade de atendimento às pessoas com deficiência física, aos idosos com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo em repartições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos, instituições financeiras, logradouros e sanitários públicos e veículos de transporte coletivo. Ou seja, a servidora cometeu um crime ao não cumprir o que está na lei.

Dona Leidiane Lopes, que disse ser de André Carloni, falou ter sido mal-atendida por uma médica. “Tem uma médica aqui nessa unidade que não deveria estar aqui. Na consulta, disse a ela que peguei uma criança de mal jeito e fiquei com dores no ombro, mas mesmo assim ela me diagnosticou com coronavírus, não entendi nada”, reclamou.
Na Unidade de Pronto Atendimento de Castelândia, encontramos Josielene Silva, moradora de Praia Grande, que disse que a demora é muito grande. “Tem mais de três horas que estou aguardando atendimento e até agora não consegui. Se uma pessoa passar mal aqui ela morre, o atendimento é muito demorado”, criticou.
Por tudo isso, deixo aqui a frase do prefeito de Colatina/ES, Sérgio Meneguelli, que serve de exemplo para todos nós e, principalmente, para os gestores públicos. “Todo político deveria ser obrigado a usar o SUS quando adoecesse e a matricular seus filhos em escola pública, só assim eles melhorariam esses serviços públicos”.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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