Comportamento & Equilíbrio

Transtorno esquizoafetivo mistura sintomas de esquizofrenia e bipolaridade

Delírios elaborados e distantes da realidade (por exemplo, estar convicto de que um extraterrestre colocou um chip no seu cérebro para roubar seus pensamentos) é sinal de esquizofrenia. Já o transtorno bipolar provoca alterações de humor que vão da depressão a episódios de obsessão. Agora, imagine uma doença que é um misto de sintomas dos dois diagnósticos? Esse é o transtorno esquizoafetivo.
“O paciente pode apresentar euforia ou depressão simultaneamente a um surto psicótico como delírios, alucinações, agitação, comportamento ou pensamento desorganizados”, diz Mário Louzã, médico do Programa Esquizofrenia do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-FMUSP).
A quantidade de pessoas com transtorno é pequena. Para se ter uma ideia, os transtornos esquizofrênicos afetam aproximadamente 0,6% da população; os esquizoafetivos correspondem à metade dessa prevalência. Já as causas, ainda são desconhecidas, de acordo com o protocolo clínico do transtorno, publicado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). “O modelo de doença de maior aceitação é o da ‘vulnerabilidade versus estresse’, um conceito que propõe que a vulnerabilidade aumenta o risco para o desenvolvimento de sintomas na presença de estressores ambientais e na falha de mecanismos adaptativos para lidar com eles”, diz o documento. Os fatores de vulnerabilidade são baseados em um componente biológico que inclui predisposição genética (alguém da família tem) interagindo com fatores complexos físicos, ambientais e psicológicos.
Pela própria característica do transtorno, de ter sintomas psicóticos associados, mas independentes dos sintomas de humor, o diagnóstico não é feito em apenas uma única avaliação, ou assim que surgem as primeiras alterações comportamentais do indivíduo.

Diagnosticar, conviver e acompanhar um paciente com esquizofrenia ou transtorno bipolar exige atenção e cuidado (Foto: iStock)

De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), identificar a doença requer a presença de sintomas de psicose que preencham os critérios de sintomas para esquizofrenia e, adicionalmente, sintomas de humor (mania, depressão ou misto) com gravidade e tempo suficientes para o diagnóstico de transtorno de humor, ambos evoluindo de forma episódica.
Apesar de difícil, o diagnóstico correto e precoce é essencial para a qualidade de vida, que, em geral, é até superior à do paciente com esquizofrenia, segundo Louzã. A psiquiatria caminha para o desenvolvimento de serviços especializados e estratégias de prevenção e intervenção precoce. A psiquiatra Elisa Brietzke, orientadora do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), garante que já existem evidências na literatura de que o reconhecimento e a intervenção precoce se associam a melhora no curso da doença, com maiores probabilidades de controle completo dos sintomas e recuperação do funcionamento do indivíduo.

Fonte: UOL

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