Usa o celular para acalmar seu filho? Efeitos da estratégia são negativos
Estudo apontou que mecanismo pode ter desvantagens, como a reatividade emocional
Chegaram as férias escolares e a situação que mais vemos (ou vivemos) é a seguinte: criança chorando, inquieta e com muita energia para gastar. Pais nervosos, sem opções mais práticas, pegam o celular, tablet ou qualquer outro dispositivo tecnológico e entregam ao filho na tentativa de distraí-lo e acalmá-lo. A estratégia é praticamente infalível, de fato, contudo, um estudo apontou que os efeitos desse mecanismo podem ser bem negativos.
A pesquisa foi publicada no JAMA Pediatrics e envolveu 422 pais e filhos. O objetivo era analisar o comportamento de crianças entre três e cinco anos com relação ao uso de dispositivos como um tipo de “calmante”. Os cientistas descobriram que a ação estava ligada a uma maior reatividade emocional ou desregulação ao longo de vários meses: pense em rápidas mudanças de humor e maior impulsividade, por exemplo.
Os indícios foram muito mais fortes em meninos e crianças que já demonstravam sinais de hiperatividade, impulsividade e temperamento forte. Para a equipe, o uso dos aparelhos parece impedir que eles consigam regular as próprias emoções.
O grupo explicou ainda que é sabido, sim, que a idade analisada é propensa a acessos de raiva, emoções intensas e luta contra o mundo, o estudo indica assim que o uso dos dispositivos móveis reforça o não enfrentamento desses sentimentos, oferecendo apenas uma opção de curto prazo. Esses problemas podem se tornar de longo prazo conforme seu desenvolvimento emocional.
Problema antigo
Embora a tecnologia seja relativamente nova, ao menos esse boom de dispositivos e metaverso, tentar encontrar formas de distrair e lidar com as diversas fases dos filhos é um problema antigo. Antigamente, antes dos celulares, eram as televisões que assumiam o papel de calmante, por exemplo.
Segundo os pesquisadores, a conclusão do estudo não é que você deve privar seus filhos do uso de celulares, tablets ou videogames, mas a importância de oferecer um acesso com moderação.
A tecnologia é útil, facilitadora e prazerosa — não apenas para as crianças — mas não deve ser usada como uma forma primária e frequente de tentar manter as crianças calmas. Vale destacar que o levantamento foi realizado em 2018, portanto, antes da pandemia da covid-19 e seus efeitos.
Quais opções tenho além do uso do celular?
Os pesquisadores apresentaram algumas outras opções para acalmar as crianças, incluindo experiências sensoriais (desde ouvir música até pular em um trampolim).
Uma estratégia interessante descrita pelos cientistas foi a de emoções codificadas por cores: definir objetos com etiquetas com cores e escrever sentimentos nelas, como raiva, alegria e tristeza. Isso pode ajudar os pequenos a se comunicar e se expressar melhor, externando os sentimentos.
Outra opção é oferecer comportamentos de substituição, incluindo bater em um travesseiro, em vez de bater em um irmão ou amigo, também pode ajudar.
As alternativas devem ser oferecidas e explicadas as crianças enquanto estão calmas, para entenderem a dinâmica. É importante também que, para o uso dos dispositivos tecnológicos, os pais delimitem um tempo e horário.
Fonte: Olhar Digital