Saúde

Cientistas brasileiros encontram forma de prever morte por câncer raro

Baixa expressão de uma proteína aumenta risco de morte por tipo de câncer pulmonar, mas pode ser chave para tratamento, revela o estudo

Por Nayra Teles

O mesotelioma pleural é um tipo raro de câncer originado na pleura, um tecido fino que reveste o pulmão. É causado por exposição ao amianto e costuma ser extremamente agressivo. Uma nova descoberta da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) pode ajudar a monitorar e prever a mortalidade pela doença.
Segundo o estudo, pacientes não operados e com baixa expressão da proteína mesotelina têm três vezes mais risco de morrer. A descoberta não é só uma maneira de acompanhar a evolução da doença, mas também abre portas para terapias mais eficazes.

A mesotelina é uma proteína sintetizada por células tumorais do mesotelioma. Pesquisadores brasileiros examinaram como ela interage com o sistema imunológico no mesmo ambiente do tumor. Descobriram que, em conjunto com outra proteína chamada PD-L1, cria uma barreira contra a expansão de células cancerosas.

Ou seja, essas proteínas podem ser usadas como alvos para novos tratamentos contra o câncer pulmonar. Além disso, a mesotelina pode recrutar diferentes tipos de células imunológicas para fortalecer a proteção contra o crescimento do tumor.

No entanto, pacientes com baixos níveis de mesotelina, altos níveis de PD-L1 e não operados tinham um risco três vezes maior de morrer de mesotelioma. Isso sugere que a proteína pode ser um indicador de como a doença vai progredir.

O mesotelioma pleural se desenvolve a partir da exposição ao asbesto (amianto), que danifica as células da pleura. Em defesa, macrófagos (células imunológicas) tentam resolver o problema, mas acabam causando uma inflamação crônica. Com o tempo, células mesoteliais se proliferam descontroladamente, levando ao câncer.

A doença geralmente aparece aos 50 anos. Atinge principalmente trabalhadores (homens) expostos ao amianto presente em caixas d’água, telhas, forros, pisos e divisórias. O material é reconhecido como cancerígeno e proibido em vários países, incluindo o Brasil.

Software de análise foi aplicado na pesquisa
A pesquisa, que contou com o apoio da Fapesp, utilizou um software chamado QuPath para identificar o biomarcador do câncer pulmonar. Primeiro, aplicaram uma técnica de imuno-histoquímica para estudar 82 amostras cirúrgicas e biópsias de pacientes com mesotelioma. Assim, detectaram expressão de biomarcadores como mesotelina e PD-L1.

Depois, lâminas com amostras foram digitalizadas e analisadas pelo QuPath, que quantificou a expressão dos marcadores. Os resultados mostraram a importância da mesotelina e o potencial utilitário terapêutico quando combinada com PD-L1. O estudo continua para entender melhor essa relação. Detalhes da pesquisa foram divulgados na Frontiers in Immunology.

Fonte: Olhar Digital

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