Bem-estar

Estudo aponta fator importante para conectar crianças com a natureza

Crescer no campo pode ajudar, mas não é determinante

Por Marcia Sousa

Diversos estudos têm apontado os benefícios das áreas verdes às crianças. Em muitos casos, as pesquisas destacam os efeitos positivos de morar próximo da natureza. Ainda que não contradiga tais alegações, um novo estudo aponta para outra direção: a socioeconomia como fator que molda a conexão das crianças com a natureza mais do que o local onde vivem.
O nível de renda e educação do ambiente de uma criança como determinante para sua relação com a natureza foi o tema de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia. Eles analisaram crianças em idade escolar em contexto rural e urbano.

Além disso, o estudo também buscou entender se alimentar pássaros poderia servir como um ponto de contato com a vida selvagem, potencialmente fortalecendo o conhecimento e o sentimento das crianças pela natureza e, por extensão, melhorando seu senso de bem-estar.

Os resultados vão contra a suposição de que crescer no campo aumenta automaticamente nossa conexão com a natureza, e ainda assim o estudo mostra que a natureza perto de casa aumenta o bem-estar das crianças.

Crianças em áreas com níveis mais altos de educação geralmente tinham melhor conhecimento das espécies, o que por sua vez estava ligado a atitudes mais positivas em relação à vida selvagem. Rendas mais altas estão ligadas a crianças participando mais de atividades baseadas na natureza, o que também leva a uma melhor conexão com a natureza”, diz Johan Kjellberg Jensen, pesquisador da Universidade de Lund, que liderou o estudo.

Tais questões, segundo Jensen, mostraram-se verdadeiras independentemente das crianças viverem no centro da cidade ou no campo. No entanto, o estudo encontrou algumas diferenças entre crianças urbanas e rurais.

Parece que as crianças usam ambientes naturais de maneiras diferentes, mas isso não afeta suas atitudes em relação à natureza em geral. Também podemos ver que crianças que têm acesso mais direto à natureza perto de casa relatam uma maior autopercepção de bem-estar. Isso mostra o quão importante o contato com a natureza realmente é”, complementa o pesquisador.

Alimentando pássaros
O projeto de alimentação de pássaros mostrou-se positivo no aumento do conhecimento das espécies pelas crianças, mas houve pouco efeito no bem-estar ou nas atitudes em relação à natureza. De acordo com o estudo, o ambiente escolar de cada uma afetou os resultados.

“Vimos uma variação muito ampla nos resultados entre as escolas, o que aponta para o papel importante dos professores e das escolas em projetos como este. Já sabemos que nosso contato com a natureza é moldado por meio de interações sociais e que os adultos têm uma responsabilidade considerável em agir como modelos de como as crianças se relacionam com a natureza”, diz Jensen, que também ressalta que isso não precisa necessariamente recair sobre os professores, que já têm responsabilidades consideráveis.

Outra descoberta importante do estudo foi que crianças com pouco acesso à natureza perto de casa foram as que mais se beneficiaram do projeto de alimentação de pássaros.

Isso destaca a importância de políticas públicas e planejamento urbano. Se quisermos que as gerações futuras tenham relacionamentos positivos com a natureza, aproveitando todos os benefícios à saúde que vêm com isso, precisamos de projetos direcionados para aumentar o contato das crianças com a natureza, tanto em ambientes urbanos quanto rurais. Isso é particularmente importante em áreas de baixos níveis socioeconômicos e pouca natureza perto de moradias residenciais”, conclui Jensen.

O estudo pode ser lido, em inglês, aqui.

Fonte: CicloVivo

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