Cultura

Qual a origem da pintura de ‘O Guarani’ do Salão Nobre do Teatro Amazonas?

A obra é assinada pelo pintor italiano Domenico De Angelis, responsável também por todo o projeto de decoração do Salão Nobre do Teatro Amazonas

Por Diego Oliveira

Ao adentrar o Salão Nobre do Teatro Amazonas, em Manaus (AM), um dos maiores ícones arquitetônicos e culturais da Amazônia, os visitantes são imediatamente transportados para um universo de elegância, história e arte. Entre as preciosidades que adornam o espaço, destaca-se a pintura que retrata uma das cenas mais emblemáticas da obra ‘O Guarani’, de José de Alencar: o momento em que o indígena Peri salva Ceci.
A obra é assinada pelo pintor italiano Domenico De Angelis, responsável por todo o projeto de decoração do Salão Nobre. Segundo Judeth Costa, a gerente do Ateliê de Conservação e Restauro de Obras de Arte e Papel, o projeto e a execução de toda a decoração do salão ficaram a cargo de De Angelis.

Pintura de O Guarani no Salão Nobre do Teatro Amazonas (Foto: Reprodução)

As pinturas, que forram todo o salão, são chamadas de falsos gobelins, pois imitam tapeçarias”, disse.

O contrato para a elaboração do projeto foi firmado em 1897 e todo o trabalho foi realizado no ateliê de De Angelis em Roma, na Itália. A pintura foi concluída e instalada antes da inauguração do salão, que aconteceu em 1900. A cena escolhida — o salvamento de Ceci por Peri — não foi aleatória. Ela simboliza a fusão das culturas indígena e europeia, tema central tanto do romance de José de Alencar quanto da própria formação cultural do Brasil. Além disso, essa é a única obra que está inserida claramente no projeto original de decoração do salão, segundo Judeth Costa. “Caso você queira ver o original do projeto, ele está disponível no arquivo do Teatro”, informou Judeth.

O Salão Nobre, adornado por essas pinturas que simulam ricos tecidos, reflete a opulência da Belle Époque manauara, período em que o ciclo da borracha trouxe grande prosperidade para a região. Nesse contexto, a escolha de temas que evocam a brasilidade, como ‘O Guarani’, convive em perfeita harmonia com a estética europeia trazida pelos artistas contratados para decorar o teatro.

A preservação de elementos artísticos integrados à arquitetura, como os presentes no teatro, começa sempre pela observação criteriosa, um processo que pode ser definido como monitoramento constante. Qualquer alteração identificada nas obras exige a investigação das causas, que podem ser de natureza física, química, biológica ou até mesmo decorrentes de fenômenos naturais.

A partir desse diagnóstico, são adotadas as medidas necessárias para a conservação. Especialistas ressaltam que, embora a observação seja fundamental, o conhecimento técnico é decisivo para garantir a eficácia das intervenções”, disse.

Fonte: Portal Amazônia

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish