Política

A Semana no Brasil e no Mundo — Líder comunitária ligada ao PCC dividiu palco com Lula e é presa em operação em SP

A líder comunitária Alessandra Moja Cunha, presidente da Associação da Comunidade do Moinho, no centro de São Paulo, foi presa na segunda-feira (8) durante a Operação Sharpe, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP). Segundo a investigação, Alessandra integrava uma organização criminosa comandada por seu irmão, Leonardo Moja, o “Léo do Moinho”, apontado como principal líder do PCC na região central da capital.
De acordo com o MPSP, a associação dirigida por Alessandra funcionava como instrumento de mobilização contra intervenções policiais e de apoio logístico às atividades da facção. O órgão afirma que ela exercia “papel importante na organização de manifestações públicas que blindavam a comunidade”, além de auxiliar diretamente o irmão em empreitadas criminosas.

As investigações revelam ainda que Alessandra era responsável por extorquir moradores interessados em aceitar a proposta do governo estadual para deixar a favela do Moinho. A facção, segundo apuração, cobrava uma “multa” que podia chegar a R$ 100 mil de quem desejasse sair do local. A associação presidida por Alessandra foi a mesma que, em junho, recebeu a visita de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A articulação foi negociada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo. Dois dias após a reunião, Lula esteve na comunidade e chegou a dividir o palco com Alessandra em um ato público.
A prisão expõe constrangimento político ao governo, uma vez que a interlocução institucional acabou vinculada a uma liderança agora acusada de envolvimento direto com o crime organizado. O Palácio do Planalto não se manifestou até o fechamento desta edição. (Fonte: Hora Brasília)


Ditadura chinesa atua com uso de hospitais psiquiátricos para neutralizar críticos, dissidentes e opositores

Ditadores Xi Jinping e Vladmir Putin (Foto: Getty Images)

Por Raul Holderf Nascimento
Uma investigação da BBC News traz os bastidores de como o regime chinês vem recorrendo à internação involuntária em hospitais psiquiátricos como método para silenciar críticos, dissidentes e opositores. O caso de Zhang Junjie, então com 17 anos, é um dos listados na investigação jornalística. Após protestar contra as medidas de lockdown em frente à sua universidade em 2022, ele foi hospitalizado à força com diagnóstico de esquizofrenia, sem qualquer processo judicial ou avaliação médica independente.

Junjie relatou ter sido amarrado e obrigado a ingerir medicamentos antipsicóticos durante os 12 dias em que permaneceu internado. Segundo ele, médicos e enfermeiros justificavam a hospitalização com base em suas opiniões contrárias ao Partido Comunista Chinês. O método de tortura ocorreu após seus professores alertarem a família sobre o protesto. No dia seguinte, na data de aniversário de 18 anos, dois homens o conduziram a um hospital sob o pretexto de realização de testes de covid-19.

Após a primeira alta, Junjie foi novamente detido ao publicar um vídeo soltando fogos de artifício durante o Ano Novo Chinês, contrariando uma proibição oficial. Ele foi acusado de “provocar brigas e criar problemas”, uma tipificação legal frequentemente empregada para punir manifestações políticas. A segunda internação durou mais de dois meses. “Tomar o medicamento me fazia sentir como se meu cérebro estivesse uma bagunça”, relatou. Segundo ele, a polícia fazia visitas regulares para verificar se os remédios estavam sendo consumidos.
A BBC confirmou ao menos 59 casos de internações psiquiátricas impostas a cidadãos que protestaram ou denunciaram abusos de autoridades. Muitos relataram o uso de medicamentos sem autorização e, em alguns casos, eletroconvulsoterapia (ECT). (Fonte: Conexão Política)


Tagliaferro revela grupo de WhatsApp entre TSE e PF para investigar “atos antidemocráticos”

(Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

Por Juliet Manfrin
O perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revelou a existência de um grupo informal de WhatsApp que reunia servidores do TSE e membros da Polícia Federal (PF) com o objetivo de identificar participantes das manifestações de 8 de janeiro. Segundo o ex-assessor, o grupo, chamado “Atos Antidemocráticos”, teria sido criado para facilitar a troca de informações e identificação de suspeitos investigados. Na prática, a Polícia Federal pedia ajuda para verificar imagens de suspeitos usando os registros biométricos do banco de eleitores do TSE, que cruza dados como foto, nome e número de documentos de eleitores. A ideia era confirmar nomes e endereços de suspeitos a partir de imagens de fotos da manifestação na Praça dos Três Poderes e de redes sociais.

A revelação foi feita em uma audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado realizada na última semana. Tagliaferro já havia denunciado anteriormente que um juiz assessor de Moraes fazia pedidos informais a ele por meio de WhatsApp, quando ele chefiava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, entre agosto de 2022 a maio de 2023. A nova denúncia avança na medida em que inclui a participação da Polícia Federal no grupo de execução de tarefas fora dos ritos da Justiça.

Ao denunciar o grupo de WhatsApp no Senado, Tagliaferro afirmou que, em algumas situações, o TSE tentava usar seu banco de dados de eleitores para conferir imagens de difícil detecção facial — como pessoas usando óculos escuros e bonés — por solicitação da Polícia Federal quando esta não conseguia fazer a identificação pelo seu próprio banco de informações.

O banco de dados de eleitores é atualizado a cada dois anos, por causa das eleições e, em tese, tem as fotos mais atuais dos cidadãos. Tagliaferro destacou que não se tratava de um sistema automatizado de monitoramento, mas de envio pontual de informações com o objetivo de auxiliar nas apurações. Durante a audiência, ele chegou a mostrar brevemente em seu celular o grupo que ainda existia. Na audiência, que durou mais de oito horas no Senado na semana passada, o perito também relatou fraudes processuais, contatos indevidos entre Moraes e o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, e um conluio de integrantes do Judiciário com ativistas de universidades.

Nesta terça-feira (9), o senador Flávio Bolsonaro aprofundou a denúncia sobre a fraude processual apresentando um laudo de peritos que mostram que Moraes teria inserido um documento com data retroativa para “esquentar” uma operação da Polícia Federal. Também na terça-feira, Tagliaferro divulgou um vídeo nas suas redes sociais em que mostra uma conversa de WhatsApp atribuída a Moraes, na qual o ministro supostamente conduz procedimentos fora dos ritos institucionais estabelecidos. (Fonte: Gazeta do Povo)


Em meio a julgamento no STF, EUA citam ‘força militar’ para proteger liberdade de expressão

(Foto: Getty Images)

Por Marcos Rocha
Pouco depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentar seu voto pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sob a acusação de tentativa de golpe de Estado, a Casa Branca se posicionou sobre o assunto, nesta terça-feira (9). Em coletiva, a porta-voz do governo norte-americano, Karoline Leavitt, destacou que o presidente Donald Trump considera a defesa da liberdade de expressão uma prioridade e não hesita em recorrer ao peso econômico e militar dos Estados Unidos para resguardar esse princípio em âmbito global. Questionada sobre a possibilidade de adoção de novas medidas contra o Brasil em razão do julgamento em andamento no STF, Leavitt afirmou que não havia nada específico a anunciar no momento, mas reforçou que o tema é central para a atual administração.

Eu posso dizer que isso é uma prioridade para a administração e o presidente não tem medo de usar o poder econômico, o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, declarou.

A representante da Casa Branca classificou a liberdade de expressão como “a questão mais relevante da nossa era” e citou o próprio Trump como vítima de censura, lembrando que ele teve contas suspensas em redes sociais após a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Ainda segundo Leavitt, tanto o presidente quanto os membros do governo republicano tratam a censura com máxima seriedade, o que justificaria medidas já tomadas em relação ao Brasil. Entre elas, mencionou sanções e a utilização de tarifas comerciais, com o objetivo de pressionar governos a não restringirem os direitos de seus cidadãos. (Fonte: Conexão Política)


Às vésperas das eleições, Lula lança ‘Gás do Povo’, programa de custo bilionário que promete 65 milhões de botijões por ano

Lula da Silva, durante cerimônia de anúncio do Programa “Gás do Povo” (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Por Raul Holderf Nascimento
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou — no último dia 4 — a criação do programa Gás do Povo, em substituição ao Auxílio Gás. A nova política pública tem como meta atender 15,5 milhões de famílias registradas no Cadastro Único (CadÚnico), o que representa cerca de 50 milhões de pessoas. A iniciativa conta com orçamento de R$ 8,7 bilhões para 2026 e busca ampliar o apoio à população de baixa renda antes das eleições. Lula, de 79 anos, é cotado para disputar a reeleição.

O anúncio ocorreu no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, considerado o maior complexo de favelas da capital mineira. O evento teve a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado. A escolha da cidade tem conotação política: Silveira pode disputar o Senado em 2026, enquanto Pacheco é apontado como possível candidato ao governo de Minas Gerais.

Além do novo programa de gás, o governo anunciou a ampliação da Tarifa Social de Energia Elétrica, que garante gratuidade no consumo de até 80 kWh por mês para famílias de baixa renda. Segundo estimativas, cerca de 60 milhões de brasileiros serão beneficiados. Outra medida é o “desconto social”, voltado a famílias com renda entre meio e um salário mínimo per capita (até R$ 1.518) e consumo mensal de até 120 kWh. Este grupo será isento da cobrança da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), responsável por financiar subsídios do setor e que representa cerca de 12% da fatura.

O principal diferencial do Gás do Povo em relação ao modelo anterior está na forma de entrega: o benefício será concedido por meio do fornecimento direto dos botijões, sem repasse financeiro. A meta do governo é distribuir 65 milhões de unidades por ano, sendo 58 milhões já em 2026. A logística será feita por meio de quatro canais: vale eletrônico pelo aplicativo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, cartão do programa Gás do Povo, vale impresso nas agências da Caixa ou casas lotéricas, e o próprio cartão do Bolsa Família. O governo credenciará 58 mil pontos de retirada em todo o país. (Fonte: Conexão Política)


Pela 1.ª vez, direita lidera nas três maiores economias da Europa, aponta WSJ

(Foto: EGO)

Por Raul Holderf Nascimento
Pela primeira vez, líderes e partidos de direita aparecem à frente nas três maiores economias da Europa: França, Reino Unido e Alemanha, segundo reportagem publicada pelo Wall Street Journal. O veículo aponta que o momento é impulsionado pela insatisfação com a imigração e pela fadiga econômica, que desgastaram as siglas tradicionais. Na França, Jordan Bardella, do Rally Nacional, lidera as intenções de voto. No Reino Unido, a Reforma do Reino Unido, liderada por Nigel Farage, ultrapassou tanto o Partido Trabalhista quanto os Conservadores. Já na Alemanha, a Alternativa para a Alemanha (AfD) aparece à frente da CDU/CSU.

O WSJ lista os elementos como “sem precedentes” no ambiente político europeu, mas deixa de lado outro ponto que tem turbinado o debate público: a censura. O senador americano JD Vance (Partido Republicano), em discurso na Conferência de Segurança de Munique no início do ano, alertou que “usar a censura e a cultura do cancelamento para controlar as eleições só agravaria a reação”.

À época, o comentário foi recebido com indiferença e até irritação. Seis meses depois, a leitura é que o diagnóstico se confirmou: o crescimento da direita em pesquisas flerta justamente com a revolta de parcelas da sociedade contra o controle do discurso e das opiniões. No X/Twitter, o advogado de Donald Trump, Martin de Luca, comentou a reportagem. “Não importa quantos candidatos sejam proibidos de competir nas eleições, quantas plataformas sejam bloqueadas ou quantos usuários sejam silenciados, a opinião pública continua mostrando que a direita está em alta no mundo inteiro”, escreveu. (Fonte: Conexão Política)


Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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