Professora brasileira de educação especial é finalista do ‘Nobel da Educação’
Doani Emanuela Bertan dá aula para deficientes auditivos e está na final do Global Teacher Prize 2020
Doani Emanuela Bertan, da escola pública municipal EMEF Júlio de Mesquita Filho, Campinas, SP, está entre os 10 finalistas para o Global Teacher Prize 2020, que reconhece anualmente o trabalho de um educador com prêmio de US$ 1 milhão. Organizada pela prestigiada Varkey Foundation, em parceria com a Unesco, a premiação é considerada o ‘Nobel da Educação’. A brasileira concorreu com mais de 12 mil indicados e inscritos de mais de 140 países do mundo todo.
Bertan é professora de educação especial e língua portuguesa. Ela ensina Libras, a língua brasileira de sinais, a seus alunos com deficiência auditiva. A inspiração para se tornar professora veio de sua mãe. Quando se formou, percebeu que a educação especial era sua paixão, em particular o trabalho com deficientes auditivos. Foi então que Doani Emanuela Bertan deu os primeiros passos em direção à sua vocação, fazendo um curso de linguagem de sinais. Desde 2008, trabalha como professora bilíngue de português e Língua Brasileira de Sinais.
A escola onde leciona está localizada em uma área muito carente e na luta contra os altos índices de evasão, estimulou os professores a começar a ouvir as necessidades, as preocupações e os interesses de seus alunos e criarem soluções de ensino mais adequadas às suas necessidades. Bertan, juntamente com seus colegas, começou a buscar novas estratégias para otimizar o aprendizado na escola.
Como resultado, a professora de Campinas iniciou videochamadas junto a seus alunos com deficiência auditiva para sanar dúvidas e ouvir preocupações a respeito das aulas diárias. Esses tutoriais on-line cresceram e se tornaram aulas bilíngues em vídeo com todos os recursos, permitindo a disseminação do conhecimento fora do ambiente escolar. Além do uso da tecnologia como ferramenta, essas aulas viabilizam a flexibilidade dos locais e horários de aprendizagem, atuam como apoio para pais e familiares e possibilitam novas experiências educacionais. Aliás, as aulas também ajudaram a superar dificuldades, como, por exemplo, a falta de materiais de ensino específicos, as limitações do uso de materiais impressos e os regionalismos linguísticos.
Todas as suas aulas foram postadas em um canal do YouTube e, agora, o acesso a elas é gratuito. A saber, sua escola se destaca pela grande quantidade de alunos com deficiência auditiva e de professores que promovem a Libras como uma ferramenta eficaz de inclusão. Desde 2017, graças ao apoio do Estado, a escola oferece aulas bilíngues em duplas pedagógicas, e as aulas bilíngues em vídeo são utilizadas como material de apoio pedagógico.
Além da professora brasileira, entre os 10 finalistas estão os seguintes professores: o malaio Samuel Isaiah, o indiano Ranjitsinh Disale, o nigeriano Olasunkanmi Opeifa, o britânico Jamie Frost, o italiano Carlo Mazzone, a sul-africana Mokhudu Cynthia Machaba, a norte-americana Leah Juelke e o sul-coreano Yun Jeong-hyun. Os 10 finalistas serão anunciados na cerimônia do Global Teacher Prize que, pela primeira vez em sua história, será realizada virtualmente em razão da pandemia da covid-19.
“O Global Teacher Prize foi criado para destacar a importância do papel desempenhado pelos professores na sociedade. Ao mostrar as milhares de histórias dos heróis que estão transformando as vidas dos jovens, o prêmio dá luz ao trabalho excepcional dos professores em todo o mundo. Este ano, mais do que nunca, temos visto os professores do mundo todo se desdobrarem para que os jovens continuem aprendendo. Os professores do mundo todo devem ser aplaudidos por sua criatividade, compaixão e determinação para cumprir o direito de cada criança a uma boa educação”, disse Sunny Varkey, fundador da premiação.
Em resumo, a cerimônia virtual deste ano, prevista para 3 de dezembro e será apresentada pelo comediante, ator, escritor e apresentador inglês Stephen Fry, no Museu de História Natural de Londres. A cerimônia também fará um reconhecimento especial ao professor — o herói da covid-19 — que empreendeu esforços descomunais para que seus alunos continuassem aprendendo durante a pandemia.
Fonte: Revista Educação