Tecnologia & Inovação

Startup usa plástico reciclado para construir casas

Projeto desenvolvido em parceria com a ONU Habitat usa oito toneladas de plástico para construir módulos habitacionais de 16m²

O arquiteto Julien de Smedt está trabalhando com a startup norueguesa Othalo em um projeto de casas modulares que irão reaproveitar plástico reciclado em sua construção.
Criadas pela startup em parceria com a ONU Habitat — programa das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável de habitações urbanas — as casas são projetadas para se tornarem uma alternativa de baixo custo para a região da África subsaariana.
Usando um sistema patenteado em que a estrutura principal de cada casa é fabricada com plástico reciclado, uma residência de 16 metros quadrados projetada pela Othalo usa aproximadamente oito toneladas de plástico na sua fabricação.
“A patente tem divisórias estruturais, e uma estrutura para suporte e isolamento”, explica o fundador da Othalo, Frank Cato Laht.

“Estas duas estruturas podem ser feitas 100% com plástico reciclado”, Frank Cato Laht, fundador da Othalo.

De Smedt e a startup começaram o projeto com foco em construções habitacionais na região da África subsaariana. A ideia é que sejam casas modulares que aproveitem o resíduo plástico coletado em locais próximos à construção, sem especificar exatamente o tipo de plástico que deve ser usado.

As casas de baixo custo serão fabricadas com plástico reciclado (Foto: Othalo)

“Acreditamos que esta é uma maneira de lidar com a escassez de materiais de construção nestas áreas do planeta onde a demanda por habitação é urgente”, afirma o arquiteto.

“Assim como as cidades têm em suas construções madeira, concreto e aço, é possível incorporar o uso do plástico, desde que isso seja feito de uma maneira segura e sustentável”, Julien de Smedt.

Segundo Julien, o projeto vai envolver a participação de diferentes colaboradores em cada região onde as casas forem construídas para garantir que novos elementos sejam somados e que a identidade local seja respeitada.
Para o desenho original, o arquiteto se inspirou em centros urbanos que estão crescendo rápido como a cidade de Nairóbi, capital do Quênia.
“Começamos analisando o tipo de casa em que as pessoas vivem, o tipo de trabalho que elas têm e como as moradias são organizadas”, explica Julien. “Olhamos para as vizinhanças e como elas são formadas, mas também na maneira como as pessoas se relacionam nestas comunidades”.

As construções incluem áreas cobertas e terraços (Foto: Othalo)

Os primeiros desenhos têm alguns espaços cobertos conectados, como lounges e terraços que oferecem uma variedade de ambientes externos para os moradores.
“Parte desta ideia vem do clima que favorece a vida ao ar livre, mas que pede proteção do sol e ventilação”, conta o arquiteto.
A Othalo planeja começar a construção das casas de plástico reciclado em larga escala no início de 2022 e acredita que esta iniciativa vai reaproveitar milhões de toneladas de resíduos plástico como matéria-prima.

“Com o plástico disponível hoje, poderíamos construir um bilhão de casas”.

Todas as casas vão ser construídas no local definitivo (Foto: Othalo)

“Considerando a enorme quantidade de resíduo plástico no mundo, esta pode perfeitamente ser uma ótima fonte de matéria-prima”, garante Frank Cato Laht.

Novas construções

Além de projetos habitacionais, é possível desenvolver galpões com isolamento térmico para estocar comida e remédios, além de abrigos para refugiados, escolas e hospitais, usando estruturas modulares maiores com o mesmo material.
“Esta estrutura pode ser ampliada para atender outras demandas, não apenas a habitacional”, explica o arquiteto. “Neste caso seria necessário integrar atividades e culturas locais e criar espaços que incluem outras necessidades”.

Mais de nove bilhões de toneladas de plástico foram produzidas no mundo desde 1950 (Foto: Othalo)

Fonte: CicloVivo

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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