Paleo & Arqueologia

Pesquisadores descobrem o primeiro conjunto de ninhos de dinossauros do Brasil em MG

Paleontólogos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) fizeram uma descoberta inédita na ciência brasileira. Enquanto trabalhavam no bairro de Ponte Alta, na cidade de Uberaba (MG), os pesquisadores encontraram o primeiro sítio de nidificação já descoberto no Brasil.
O achado, que se tratava de um conjunto de 20 ovos de titanossauro aninhados há cerca de 80 milhões de anos, foi descrito em um artigo publicado na revista Scientific Reports, no dia 24 de março. O artigo ainda conta com a colaboração de cientistas argentinos, que ajudaram na identificação da espécie do dinossauro.
João Ismael da Silva, servidor da Fundação Cultural da Prefeitura Municipal de Uberaba e técnico em paleontologia da UFTM, foi o principal responsável pela descoberta. O pesquisador deu uma entrevista para o jornal Folha de S. Paulo e contou que ficou sabendo da existência de ovos de dinossauros em Ponta Alta na década de 1990, mas, apesar de já ter encontrado uma série de ovos, nunca tinha encontrado um ninho antes.

Os ovos tinham cerca de 12 centímetros de diâmetro e 900 cm³ de volume e foram comparados com fósseis encontrados em outras partes do mundo para que os pesquisadores conseguissem determinar sua espécie. Por meio desse método, descobriu-se que as características dos ovos brasileiros eram semelhantes com a de fósseis argentinos e romenos de titanossauros.
No entanto, os ovos encontrados no Brasil tinham alguns detalhes peculiares. Os poros nas cascas dos ovos, que eram fundamentais para as trocas gasosas dos embriões com o mundo exterior, estão distribuídos de forma diferente do que é visto em outros ovos da espécie.
Segundo os especialistas, uma explicação para isso é o ambiente semiárido que predominava a atual região de Minas Gerais no período Cretáceo. O clima seco do local há 80 milhões de anos pode ter influenciado a formação de um padrão próprio de poros.

Após alguns exames de tomografia computadorizada, os pesquisadores não identificaram nenhum embrião no interior dos ovos. Mesmo assim, os ninhos deram aos paleontólogos uma oportunidade para descobrir novas características da reprodução de titanossauros na região.
Batizada de CPPLIP 1798, a ninhada mostra que os ovos estavam sobrepostos e em contato uns com os outros, em uma deposição em formato de tigela. “Esta é uma característica comum em ninhadas de titanossauros e seu comportamento de nidificação devido à construção de ninhos enterrados”, explicaram os pesquisadores no artigo.

Fonte: Revista Planeta

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