Economia

“O Espírito Santo tem um futuro promissor, só depende de nós”

Durval Vieira de Freitas, CEO da DVF Consultoria

1- O processo de industrialização capixaba teve início com a chegada de grandes corporações como CVRD (Vale), Aracruz Celulose (Suzano), Samarco e CST (AMT), entre 1960 a 1990. Quais os impactos socioeconômicos essas empresas geraram?
O Espírito Santo teve dois ciclos de desenvolvimento, o primeiro ciclo pode ser resumido em único produto, o café. Durou de 1850 a 1960, quando ocorreu a erradicação. O segundo ciclo de desenvolvimento, que teve a industrialização como seu carro-chefe, significou uma verdadeira mudança estrutural. De uma sociedade rural e agrícola para uma sociedade urbana e industrial, trazendo muitos desafios.
Em quarenta anos, de 1960 a 2000, a população desse aglomerado urbano cresceu significativamente, passando de 216,3 mil habitantes, que representava 15,2% da população estadual, para 1.438,6 mil, representando, então, 46,4% da população total. Com isso, a taxa de urbanização da população capixaba se elevou de 28,4% para 79,5%, nesse período.

O PIB capixaba ao longo desse período cresceu, sistematicamente, acima da média nacional, especialmente comandado pelo setor industrial, cuja participação no PIB estadual, em 1960, era de apenas 5,3%, chegando, em 2000, com uma contribuição equivalente a 37,1%.

(Foto: Freepik)

2- Em um artigo intitulado “Novo ciclo virtuoso do petróleo e gás no ES”, de 19/05/23, o senhor menciona a importância dessas commodities para a nossa economia, com investimentos previstos até 2027, na ordem de R$19 bi. Podemos afirmar que o petróleo e o gás são a bola da vez para nossa economia continuar nessa ascendência?
A produção de petróleo e gás no Espírito Santo começou em 1967, tornando-se referência no mercado nacional em 2008, com a entrada dos poços do pré-sal no estado, tornando-o o segundo maior produtor do país.

O Espírito Santo chegou a produzir cerca de 400 mil barris de petróleo por dia (bpd), com o envelhecimento dos poços essa produção diminuiu para valores inferiores a 200 mil bpd. Com a descoberta de novos poços e entrada de uma nova plataforma temos boas expectativas para os próximos 10 anos. O petróleo e o gás foram, e continuarão sendo, por muitos anos, importantes para a economia do estado e de diversos municípios. Contribuem significativamente com geração de royalties e participação especial. Contribuem, também, com a contratação de bens e serviços gerando negócios e empregos valiosos.
A entrada da Petrobras no mercado do Espírito Santo, somando as atividades da Vale, AMT, Samarco e Suzano, permitiu a consolidação de uma cadeia de fornecedores robusta; atualmente referência no cenário brasileiro.

Hoje a indústria de base do Espírito Santo, constituída pelos setores metalmecânico, construção civil e engenharia e gerenciamento de projetos fatura mais de R$ 12 bilhões por ano, sendo 60% exportando para outros estados. O estado tem uma economia diferentes dos demais estados brasileiros, com o PIB concentrado nas cinco grandes empresas instaladas (Vale, Samarco, Suzano, AMT e Petrobras).

O governo do estado vem fazendo um esforço e alcançando bons resultados, considerando o excelente ambiente de negócios, a localização e os programas de benefícios, que têm atraído diferentes projetos e está diversificando nossa economia, além do investimento em infraestrutura, que dá sustentação à vocação do estado que, por sua vez, tem forte identificação com o comércio exterior. Isso representa o terceiro ciclo da economia do Espírito santo, que tem um futuro promissor e que só depende de nós.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish