Ciência

Fósseis de pólen indicam que evento de extinção em massa está próximo

Análise de mais de 14 mil amostra de pólen fossilizado revelam que biomas vegetais da América do Norte estão em perigo e podem levar séculos para se recuperarem

Pesquisadoras do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, defendem que a dificuldade dos biomas vegetais da América do Norte em se adaptarem pode indicar um cenário de extinção em massa nunca visto nos últimos 13 mil anos.
O estudo, publicado na revista científica Global Change Biology, analisou 14.189 amostras de pólen fossilizado retiradas de 358 lugares espalhados por toda a América do Norte para determinar a resiliência da paisagem local. As cientistas avaliaram por quanto tempo as florestas e pastagens fossilizadas existiram — um fator conhecido como tempo de residência — e quão bem elas se recuperaram após perturbações como incêndios florestais e desmatamento — fator denominado recuperação.
Um dos resultados mostrou que as paisagens estão experimentando uma capacidade de adaptação menor do que qualquer outra observada desde o fim das extinções da megafauna no período Pleistoceno (Era do Gelo). “Embora saibamos que existem estratégias para mitigar alguns desses efeitos, nossas descobertas servem como um alerta terrível sobre a vulnerabilidade dos sistemas naturais à extinção”, disse, em nota, Yue Wang, pesquisadora que liderou o estudo.
Outro resultado importante evidenciou a vulnerabilidade das paisagens: nos últimos 20 mil anos, as florestas persistiram por mais tempo do que os habitats de pastagem. Em média, foram 700 anos contra cerca de 360 anos, respectivamente — embora também demorassem muito mais para se restabelecer após serem desmatadas.
Por fim, a pesquisa também descobriu que florestas e pastagens se modificam quando as temperaturas estão mudando rapidamente e que se recuperam mais rapidamente se o ecossistema contém alta biodiversidade vegetal. No entanto, nem todos os biomas se recuperam — apenas 64% recuperam seu tipo original por meio de um processo que pode levar até três séculos. Além disso, os sistemas árticos têm menos probabilidade de se recuperar.
“Identificar o ritmo e o modo das transições da paisagem e os impulsionadores da resiliência é fundamental para manter os sistemas naturais e preservar a biodiversidade, dadas as rápidas mudanças climáticas e do uso da terra hoje em dia”, escreveram as autoras. “No entanto, paisagens resilientes são difíceis de reconhecer em escalas de tempo curtas, pois as perturbações são difíceis de quantificar e as transições do ecossistema são raras”.
Embora os efeitos das mudanças climáticas e os impactos ambientais humanos não sejam um bom presságio para o futuro dos biomas vegetais da América do Norte, existem maneiras de lidar com isso, explica Wang. “Sabemos que existem estratégias para mitigar alguns desses efeitos, como priorizar regiões biodiversas que podem se recuperar rapidamente e aumentar a conectividade entre habitats naturais para que as espécies possam se mover em resposta ao aquecimento”.

Fonte: Revista Galileu

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