Ciência

Milhares de vestígios arqueológicos são encontrados em comunidade do Rio Araguari

A descoberta, no entanto, pode ajudar a pesquisa sobre os indígenas que habitaram a região, algo que não era cogitado em estudos antigos

Uma equipe de pesquisadores do Amapá encontrou mais de mil vestígios arqueológicos numa comunidade às margens do Rio Araguari, em área pertencente ao município de Porto Grande. Entre os materiais estão cacos cerâmicos de vasilhas, com pinturas e gravuras, e objetos feitos de pedras lascadas e polidas, como lâminas de machados.
Ainda não se sabe o tempo, a função que os objetos desempenhavam na sociedade antiga e nem a qual etnia eles pertenceram. A descoberta, no entanto, pode ajudar a pesquisa sobre os indígenas que habitaram a região, algo que não era cogitado em estudos antigos.
Alan Nazaré é gerente de sub-grupo de projetos do Núcleo de Pesquisa Arqueológica (Nuparq) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa). Ele explica que a quantidade de fragmentos encontrados na superfície do sítio mostra que o local foi habitado por muito tempo. “Pesquisas anteriores falavam que era uma região que não era habitada. Então, agora, com o sítios arqueológicos que descobrimos, sabemos que ali viveu muita gente. Esse sítio, em especial, dá a entender que ali a comunidade viveu por muito tempo, pelos milhares de fragmentos encontrados na superfície”, destacou Nazaré.

Caco cerâmico de vasilhas, com pinturas e gravuras (Foto: Nuparq/Divulgação)

Pesquisas anteriores falavam que era uma região que não era habitada. Então, agora, com o sítios arqueológicos que descobrimos, sabemos que ali viveu muita gente. Esse sítio, em especial, dá a entender que ali a comunidade viveu por muito tempo, pelos milhares de fragmentos encontrados na superfície”

Ainda de acordo com Nazaré, mais de 20 sítios arqueológicos já foram localizados às margens do Rio Araguari. A descoberta deste último aconteceu no dia 7 de fevereiro, durante uma visita de prospecção no assentamento Manoel Jacinto, distante 35 quilômetros de barco da sede do município de Porto Grande.
Os mais de mil fragmentos encontrados, segundo o Nuparq, estão no terreno onde vive a família de Erivaldo Silva Tavares, mais conhecido como Seu Nena. Ele foi um dos oito participantes da expedição que, além dos pesquisadores do Iepa, contou com ajuda de uma equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Durante o trabalho foi usado GPS para saber a localização exata do sítio e registro fotográfico de toda a área. Para Nazaré, os vestígios encontrados podem acrescentar novas informações sobre o modo de vida dos indígenas antes do período colonial. “Aquela região do Rio Araguari ainda é pouco explorada, tem poucas pesquisas ali. O Iepa vem desde 2012 desenvolvendo pesquisa naquela região e esse sítio vem complementar e ajudar a gente a tentar entender como viveram e como foi povoado pelos povos indígenas ali na beira de todo percurso do Rio Araguari”, explicou o pesquisador.

Mais de 20 sítios arqueológicos já foram localizados às margens do Rio Araguari (Foto: Nuparq/Divulgação)

A gente ainda não pode dar informações detalhadas sobre o local. Até porque não fizemos escavação arqueológica e nem coleta de material para análise. Mas a quantidade de material que identificamos na superfície é muito grande. Só a análise vai nos dizer o tempo desse material, se era usado para cerimonial, para atividades domésticas…”
Objeto feito de pedras lascadas e polidas(Foto: Nuparq/Divulgação)

Por se tratar de uma visita de conhecimento do local, não foi feita escavação ou coleta de material. O próximo passo, agora, é fazer o registro do sítio arqueológico junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ele será denominado de Sítio Pedra do Nena, em homenagem ao residente do terreno. Mas não há previsão para que isso ocorra, segundo o Nuparq.
Também é necessária a apresentação de um projeto científico para que haja escavação no sítio. Só com isso poderão ser respondidas as perguntas sobre o tempo dos artefatos e a utilidade deles para os indígenas da época.
“A gente ainda não pode dar informações detalhadas sobre o local. Até porque não fizemos escavação arqueológica e nem coleta de material para análise. Mas a quantidade de material que identificamos na superfície é muito grande. Só a análise vai nos dizer o tempo desse material, se era usado para cerimonial, para atividades domésticas…”, explicou Nazaré.

Fonte: Portal Amazônia

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