Política

É Isso Aí — “ISSO É SÓ UMA GRIPINHA!”

Gripinha majestade? Veja só o que apurei através de dados que foram divulgados pelo Consórcio de Veículos de Imprensa a partir de atualização das secretarias estaduais de Saúde. Desde o primeiro infectado pelo diabólico vírus até a noite do último sábado (27) o País registrou 1.275 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 254.263 óbitos, no dia em que se completou um ano do 1º caso no Brasil.
Com isso, a média móvel de mortes no País nos últimos sete dias bateu recorde de 1.180, o maior número registrado desde o início da pandemia. A variação foi de +7% em comparação à média de 14 dias atrás.
Como disse o escritor e senador romano Cícero; “Quo usque tandem abutere patientia nostra?” que pode ser livremente traduzida para “Quão longe você vai abusar da nossa paciência?”.
Pois bem excelência, passemos a outro dos absurdos desse complicado e atrapalhado governo, ou melhor desgoverno: os seus decretos ampliando o acesso a armas são uma gravíssima ameaça à democracia, pois politizam uma questão de segurança pública e estimulam guerra civil, e o País pode ver repetidas aqui cenas como a invasão do Capitólio americano na última eleição.
Não sou eu quem afirma categoricamente mas, sim, o ex-ministro da Segurança Pública e da Defesa, Raul Jungmann, em um alerta feito em carta aberta aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele pediu o veto às iniciativas. Será que o reizinho vai gostar, caro Jungmann?

Raul Jungmann (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O texto é uma crítica dura às políticas armamentistas de Bolsonaro, que Jungmann identifica como “um nefasto processo” que gera “iminente risco de gravíssima lesão ao sistema democrático”.
Notadamente revoltado, e com toda razão, Raul Jungmann diz na carta: “É inafastável a constatação de que o armamento da cidadania para “a defesa da liberdade’ evoca o terrível flagelo da guerra civil, e do massacre de brasileiros por brasileiros, pois não se vislumbra outra motivação ou propósito para tão nefasto projeto”, diz.
O reizinho, na véspera do carnaval, editou mais quatro decretos flexibilizando regras e ampliando acesso a armas de fogo e munições. O PSB e o PT foram ao Supremo questionar a legalidade das regras.
Jungmann se diz especialmente preocupado pelo fato de que sua majestade, desde a campanha eleitoral de 2018 defendia armar o cidadão contra criminosos e tomou várias medidas nesse sentido, agora fala abertamente que o objetivo é político.
Que terrível, hein! Em uma narrativa iniciada na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, a ideia é armar o povo contra eventuais ditadores.
O ex-ministro vê o oposto, como diversos críticos do governo têm feito. “Ao longo da história, o armamento da população serviu a interesses de ditaduras, golpes de Estado, massacre e eliminação de raças e etnias, separatismos, genocídios e de novo da serpente do fascismo italiano e do nazismo alemão”, escreveu. É verdade verdadeira Jungmann.
E ele encerra a mensagem lembrando a horda de apoiadores de Donald Trump, o então presidente americano que não aceitava a derrota para Joe Biden no pleito de novembro, que invadiram o Capitólio e interromperam a sessão que confirmava o triunfo do democrata em 6 de janeiro.
“Lembremo-nos dos recentes fatos ocorridos nos EUA. Nossas eleições estão aí, em 2022. E pouco tempo nos resta para esconjurar o inominável presságio”, diz o ex-ministro.
Bolsonaro, um admirador de Trump, nunca condenou os eventos — que levaram ao impeachment do americano na Câmara, e posterior absolvição pelo Senado.
Além das ações no Supremo, há uma série de projetos visando derrubar as iniciativas de Bolsonaro no Congresso. Deputados e ativistas de esquerda vêm falando o que disse Jungmann, mas a carta do ex-ministro tem outro peso, não só pelos cargos que ocupou.
Ele tem bom trânsito no Supremo e também nas Forças Armadas, que comandou como ministro. É indisfarçável entre alguns generais do serviço ativo o desconforto com as políticas de Bolsonaro para o setor, desde o começo do governo.
Assim, ressoa também um trecho em que ele afirma que o reizinho está usurpando prerrogativas dos militares ao ampliar o acesso a armas.
“O armamento da população proposto –e já em andamento — atenta frontalmente contra o seu papel constitucional [dos militares], e é incontornável que façamos a defesa das nossas Forças Armadas”, afirmou Jungmann, que ocupou os postos no governo de Michel Temer (MDB, 2016-18), e também foi ministro do Desenvolvimento Agrário de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, de 1996 a 2002).

Moral da história:
“É tudo uma questão de ética e moral um dos maiores problemas existentes no atual cenário político brasileiro, isto é, a falta quase que completa de ética e a extinção da moral entre tantos políticos do Brasil”.

É ISSO AÍ

Jorge Rodrigues Pacheco

Jorge Rodrigues Pacheco

Analista política Advogado, Jornalista e Radialista

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