Meio ambiente

O Dia Mundial da Água

Texto de Cláudio Denicoli, secretário de Meio Ambiente do município da Serra

No dia 22 de março, ao invés de solenizarmos deveríamos refletir e agir, criando políticas públicas claras com investimentos em projetos de proteção, preservação e tratamento para que nos próximos anos possamos realmente comemorar o dia mundial da água

A água cobre 70% da superfície terrestre, sendo que apenas 0,5 % está em depósitos acessíveis ao homem. É um recurso natural renovável, pode ser reciclada, porém, sua contaminação reduz sensivelmente essa possibilidade. Por mais que se usem produtos e sistemas de tratamento, quanto pior sua qualidade, mais difícil e mais caro é seu tratamento.
A quantidade de água do planeta sempre foi a mesma, então a água não vai acabar. O seu ciclo, como aprendemos no ensino fundamental, é um circuito fechado que inclui evaporação e transpiração das plantas ocasionando chuvas que retornam aos rios, lençóis subterrâneos e oceanos.
Como a população mundial vem crescendo é aconselhável evitar desperdícios. Temos sido cobrados para economizá-la, todavia o alvo da mídia deveria ser alterado.
Atualmente, 70% da água doce consumida é absorvida pelas atividades agrícolas, 20% pelas indústrias e 10% para matar a sede, cozinhar, e manter a higiene e a saúde. Assim, se pouparmos em nossas casas, mas na agricultura continuarmos o uso sem controle, os resultados serão pífios.
A discussão do novo Código Florestal está na contramão da preservação, também da água, porque transformará áreas de preservação permanente em áreas agricultáveis, quando se deveria investir em tecnologias para se produzir mais em menores áreas.

Em pleno século XXI estima-se que mais de um bilhão de pessoas vivem sem água potável e o saneamento básico não está disponível para quase 40% da população do planeta.
O sistema de tratamento de esgoto adotado pelo Brasil é o mais simples existente e está muito distante do que é utilizado na Europa e nos EUA. Isso implica num tratamento ineficaz que contamina rios e lagos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde a falta de água potável e de saneamento no Brasil são a causa de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares. Isso comprova que, além de ser preciso construir hospitais e clínicas de saúde, é fundamental aplicar recursos em obras de infraestrutura.
Assim, no dia 22 de março, ao invés de solenizarmos deveríamos refletir e agir, criando políticas públicas claras com investimentos em projetos de proteção, preservação e tratamento para que nos próximos anos possamos realmente comemorar o dia mundial da água.

Cláudio Denicoli, secretário de Meio Ambiente da Serra (Foto: Penha Albuquerque)

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