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Mausoléu e larápio: pessoas que viraram palavras

Grandes obras e mentiras criaram alguns palavras do dicionário

Já imaginou se você deixasse à humanidade uma palavra derivada de si mesmo? Só em português existem quase mil palavras derivadas do nome de pessoas — denominadas epônimos.

“A maioria concentrada no vocabulário médico e científico, como ‘mal de Parkinson’, ou em avanços tecnológicos”, dizia o linguista John Schmitz  (1936-2017).

Abaixo, veja algumas marcas que figuras históricas deixaram em nossa língua.

Filipeta na cadeia
Esse panfleto sofisticado surgiu de um estelionato. Em 1952, o capitão de reserva Luís Felipe, espalhou anúncios por todo o Rio de Janeiro anunciando: “Dobro seu dinheiro em três meses”. Quem lhe desse uma quantia a receberia em dobro meses depois. Quando a polícia descobriu que se tratava de pura tramoia, acabou como negócio e levou Felipe preso, difundindo seu nome pela cidade.

Gumercindo à beça
Em 1903, depois que o Acre foi reincorporado ao Brasil, seus habitantes lutavam para que ele não fosse anexado ao estado do Amazonas. Para defender os interesses dos acreanos, foi chamado o advogado alagoano Gumercindo Bessa. “Ele apresentou argumentos tão esmagadores e numerosos em favor da separação que logo se tornou figura respeitada nos meios forenses”, descreve Raimundo Magalhães Júnior, em seu Dicionário de Provérbios.
O Acre acabou independente e o sobrenome de Gumercindo virou sinônimo de fartura.

Juiz L.A.R.Ápio
Uma das hipóteses para o surgimento dessa palavra vem da República romana (509-31 a.C.). Na época, os pretores eram os magistrados com mais poder em mãos. Reza a lenda que um deles, Lucius Antonius Rufus Appius, decidia suas sentenças a favor de quem melhor o subornasse. O juiz acabou cunhando a palavra “larápio”, derivada de sua assinatura: L. A. R. Appius.

Algarismo muçulmano
Durante o esplendor cultural e científico de Bagdá nos séculos 8 e 9, o matemático e astrônomo AbuJa’far Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi (780-850) criou nada menos que o sistema de numeração decimal e os dez símbolos numéricos que são usados até hoje. O sobrenome do grande sábio muçulmano — Al-Khwarizmi — resultou no substantivo para designar os símbolos numéricos: “algarismo”. E a penúltima palavra do título de sua obra-prima, o livro Al-Kitab al-mukhtasar fi hisabal-jabr wa’l muqabala, originou a palavra “álgebra”.

Boicotem o Charles
A primeira vítima de um ato coletivo de negação foi Charles Cunningham Boycott (1832-1897). Administrador de terras irlandesas, ele era tão rígido com os camponeses que eles resolveram se unir e recusar suas ofertas de trabalho. Boycott acabou demitido e seu nome passou a designar o protesto que virou moda em todo o mundo a partir do fim do século 19.

O mausoléu do mausolus
A palavra “mausoléu” surgiu com o soberano Mausolus, governador da Cária, parte do império persa e atual sudoeste da Turquia. Pouco antes de morrer, ele mandou construir um monumento fúnebre para si mesmo. A obra só foi terminada depois de sua morte, em 353 a.C., sob o comando de sua mulher, Artemisa. Com quatro andares e dezenas de colunas e esculturas de mármore, foi considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo, recebendo o nome da cidade onde foi erguida: Mausoléu de Halicarnasso.

Fonte: Aventuras na História

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