Pistantrofobia: entenda mais sobre a dificuldade para confiar
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Por Fernanda Lima
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As plataformas de streaming estão repletas de documentários, séries, minisséries e filmes que revelam como golpes e mentiras podem afetar seriamente o emocional das vítimas. “O Paraíso e a Serpente”, “Dirty John”, “O Golpista do Tinder”, “Inventando Anna” e “The Dropout” são algumas produções que abordam o estelionato emocional, isto é, a prática de se aproveitar de uma pessoa para obter lucros e vantagens. Em muitos casos, o prejuízo vai além da questão financeira. Experiências amorosas negativas e frustrantes, situações perigosas ou relacionamentos tóxicos colocam em risco a coragem das vítimas e as impede de voltar a se apaixonar ou se relacionar socialmente. Esse medo exacerbado de confiar nas pessoas tem nome: pistantrofobia. Entenda!
De acordo com Daniela Jungles, psicóloga, são várias as causas para o medo irracional de estabelecer um relacionamento pessoal ou íntimo com alguém.
A confiança é frágil, difícil de conquistar, mas muito fácil de quebrar. Quando vivenciamos uma traição ou decepção, algo muda dentro de nós. Isso acontece com todo mundo, porque não queremos mais ser vulneráveis e deixamos de nos abrir por certo tempo. No entanto, para quem sofre de pistantrofobia, confiar novamente em alguém fica completamente fora de questão”, explica.
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Sofrer de pistantrofobia pode arruinar rapidamente a vida de uma pessoa. Isso porque, seja no trabalho ou na vida pessoal e amorosa, a confiança no outro é fundamental. “A babá que cuida dos nossos filhos, um colega de escritório, a parceira ou parceiro amoroso… A lista de laços que exigem confiança é extensa e, evidentemente, entrar em um relacionamento é sempre um risco”, diz Daniela.
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Para estabelecer níveis de confiança é preciso colocar à prova, por um certo tempo, as primeiras impressões sobre outra pessoa e testar sua confiabilidade. A questão, comenta a psicóloga, é que essa aceitação do risco só é concebível para aqueles que, originalmente, têm autoconfiança suficiente para não reagir violentamente em caso de decepção.
A desconfiança é útil se praticada em pequenas doses e com sabedoria, porque alerta sobre possíveis perigos à integridade física e emocional. O problema está quando essa reação natural toma proporções incontroláveis e invade a esfera afetiva.
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Sem confiança, nenhum relacionamento amigável, romântico ou profissional é possível”, avisa Daniela Jungles.
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Quem tem pistantrofobia se convence de que, mais cedo ou mais tarde, será traído ou desapontado novamente e, por isso, nega a si qualquer chance de aproximação com outras pessoas. Nestes casos, o pessimismo crônico se confunde com cautela. De acordo com a psicóloga, a pistantrofobia gera um medo crônico de confiar nos outros e, para se proteger, o indivíduo evita situações que desencadeiam esse temor.
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Como consequência, essa situação fóbica aumenta a ansiedade, que pode vir acompanhada por sinais corporais, como sudorese, tontura, respiração rápida ou taquicardia. Não há idade para se tornar fóbico e a origem das fobias pode estar enraizada nos primeiros laços emocionais.
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Nosso passado constitui uma linha divisória entre segurança e insegurança afetiva, mas ela nem sempre é clara ou imediatamente identificável. Quanto mais o passado é marcado pela perda, abandono ou negligência, menos seguros são os apegos”, avisa a especialista.
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O tratamento das fobias é possível desde que as causas — geralmente múltiplas — sejam identificadas. Daniela Jungles explica que o transtorno fóbico não é mais percebido pelo campo médico como um simples “conflito intrapsíquico”, pois resulta de múltiplas causas. “Os métodos para tratar a fobia variam de acordo com suas origens. A orientação é procurar um psicólogo para avaliação e indicação do tratamento mais adequado”.
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As causas de problemas como a pistantrofobia podem estar relacionadas ao passado. Pais superprotetores, por exemplo, reforçam a sensação de desconfiança. Avisos como “Cuidado, não confie em ninguém” e “Não aceite doce de estranhos” são necessários para a segurança das crianças, mas devem ser moderados.
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“Uma criança sufocada por pais superprotetores tende a perceber o mundo exterior como algo aterrorizante e povoado por potenciais agressores”, adverte a professora. Por outro lado, quando não são os pais que transmitem desconfiança é a própria vida que cuida disso: a traição de um colega ou parceiro, um amigo que abusa da generosidade ou até mesmo cair em um golpe.
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Segundo Daniela, em alguns casos esse sentimento negativo se transforma em fobia e leva à crença de que “ninguém é digno da minha confiança, então preciso desconfiar de todos a todo tempo”.
É importante que vítimas de golpe ou traição não deixem o medo irracional tomar conta. Ao perceber os primeiros sinais é necessário marcar uma consulta com um psicólogo que, de acordo com o perfil da pessoa fóbica, saberá como conduzir o tratamento.
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Em geral, a pessoa tem que enfrentar sua dor e aceitá-la ao invés de rejeitá-la, porque fugir de um problema nunca foi a solução. A prevenção depende, acima de tudo, do manejo precoce desse transtorno”, finaliza a psicóloga.
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Fonte: Vitat