Educação

Inclusão escolar da criança autista — parte 2

A inclusão escolar tem sido um tema de grande relevância nos dias atuais, especialmente quando se trata da inclusão de crianças autistas, já que esse é um tema e um processo essenciais para garantir que todos os alunos tenham acesso à educação de qualidade, independente das suas necessidades ou diferenças. A ação da inclusão no ambiente escolar proporciona às crianças autistas a oportunidade de participar ativamente da vida escolar, promovendo a igualdade de direitos e oportunidades. É necessário que sejam adotadas abordagens adequadas e estratégias específicas para atender às necessidades individuais de cada criança. Os Profissionais da educação devem estar preparados para lidar com a diversidade na sala de aula, buscando compreender as características e os desafios específicos que cada criança autista pode apresentar. A inclusão de crianças autistas na rotina escolar, quando realizada de forma adequada, traz diversos benefícios. Entre eles, destacam-se a melhora na socialização, no desenvolvimento da autoestima, no aprendizado acadêmico, na autonomia e em outras áreas importantes do desenvolvimento infantil.

Desde 2008, com a formalização da educação inclusiva no Brasil por meio da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, há um aumento progressivo de alunos com deficiência matriculados na escola regular. A Lei Berenice Piana, nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que dentre outros pontos, define punição para gestor escolar ou autoridade que negar matrícula ao aluno com Transtorno do Espectro Autista. A Lei Brasileira de Inclusão Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 que garante inclusão no sistema educacional em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida e oferta de profissionais de apoio escolar.

Contudo, a inclusão ainda é um grande desafio diário, para muitos professores pela falta de apoio e de uma equipe especializada, dificuldades ao acesso a materiais didáticos e assistivos, falta de formação e preparo, como um dos principais fatores que dificultam a inclusão efetiva escolar. No documento denominado Parâmetros Curriculares Nacionais — PCN Adaptações Curriculares em ação, elaborado pela Secretaria de Educação Especial, do Ministério da Educação — publicado originalmente em 1999 e reeditado em 2002 — as adaptações curriculares devem ser entendidas como um processo a ser realizado em três níveis: no projeto político pedagógico da escola, por meio do qual é possível identificar e analisar as dificuldades enfrentadas pela escola, assim como, estabelecer objetivos e metas comuns aos gestores, professores, funcionários da escola, familiares e alunos; no currículo desenvolvido em sala de aula; e no nível individual, por meio da elaboração e implementação do Programa Educacional Individualizado (PEI).

Adaptações para o aluno autista no ambiente escolar
• Suporte visual e de comunicação:
irá ajudar na compreensão do autista, com imagens e figuras claras e diretas;
• Modificações de ambiente: as adaptações do ambiente vão propiciar a melhor convivência e prevenir comportamentos antissociais;
• Sistemas de reforçamento: estimular a participação por meio de recompensas e benefícios;
• Agregar múltiplas abordagens: espaços específicos e materiais multissensoriais que colaboram no desenvolvimento de alguns aspectos.

Além disso, a equipe pedagógica responsável pela aprendizagem do aluno precisa ficar atenta ao ritmo da aprendizagem da criança e mudar o tempo previsto das atividades para que cada aluno possa alcançar os objetivos propostos. Também se faz necessário modificar as instruções das atividades, alterar o formato das aulas, explorar novos ambientes e usar estratégias de ensino diferenciadas. E para saber se todas as estratégias estão funcionando é fundamental observar com regularidade o avanço do aluno e se as dificuldades persistem.

A importância da família no processo de inclusão
O apoio da família é fundamental nos resultados da inclusão escolar de crianças autistas. A parceria entre a família e a comunidade escolar favorece o aprendizado e o desenvolvimento da criança. A família irá fornecer informações de suma importância sobre o histórico da criança, que irá auxiliar na elaboração do Plano Educacional Individualizado (PEI) e no processo de inclusão escolar. A integração entre pais, professores, gestores escolares é muito importante para o processo de aprendizagem da criança com autismo, pois juntas irão achar formas de atuação, a fim de favorecer o processo educacional eficaz e significativo ajudando a criança a superar as dificuldades. Portanto, além de acolhedora e inclusiva, a escola precisa se constituir em espaço de produção e socialização de conhecimentos para todos os alunos, sem distinção.

Assim todas as escolas devem promover a acessibilidade para todas as crianças, independentemente de seu diagnóstico ou deficiência. É essencial que as instituições de ensino se baseiam na legislação brasileira de inclusão e promovam a formação continuada, especializações, cursos e palestras para todos os docentes. A educação é a chave para promover a diversidade. Contudo, é importante que o sistema educacional valorize e capacite o profissional para que ele exerça sua função da melhor forma em sala de aula.

Léia Flauzina

Léia Flauzina

Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta

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