Ansiedade e depressão podem ser transmitidas pelo beijo, diz estudo

Pesquisa revela que microbioma oral, formado por bactérias, fungos e vírus que vivem na boca, pode ser transferido entre pessoas pelo beijo
Recentes estudos têm aumentado a nossa compreensão sobre o microbioma oral. Formado pelo conjunto de microrganismos, como bactérias, fungos e vírus, que vivem na nossa boca, ele pode afetar a nossa saúde física e mental. Estes trabalhos associaram problemas nesta região com o transtorno do espectro do autismo, demência, doença de Parkinson e esquizofrenia, por exemplo. Agora, um novo trabalho aponta que a ansiedade e a depressão podem ser transmitidas de uma pessoa para outra pelo beijo.
Na pesquisa, a equipe investigou se o microbioma oral poderia ser transferido entre pessoas por meio do beijo e o que isso implicaria para a nossa saúde. No total, 268 casais foram analisados. Todos eles haviam se casado nos últimos seis meses. Um dos cônjuges era saudável, enquanto o outro tinha sintomas de ansiedade e depressão. Os participantes tiveram sua composição do microbioma oral e níveis de cortisol salivar (hormônio do estresse) medidos durante o estudo.
A conclusão foi que, após seis meses de casamento, os cônjuges saudáveis apresentaram aumento dos níveis de depressão e ansiedade, além de pior qualidade do sono. Os resultados foram descritos em estudo publicado na revista Exploratory Research and Hypothesis in Medicine. A conclusão resumida do artigo é a seguinte: “a transmissão da microbiota oral entre indivíduos em contato próximo media parcialmente os sintomas de depressão e ansiedade”.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores observaram que a composição das bactérias encontradas na boca de cônjuges saudáveis mudou consideravelmente, tornando-se cada vez mais semelhante aos seus parceiros. Eles concluíram que a transferência da microbiota oral entre indivíduos em contato próximo, como casais, pode causar depressão e ansiedade.
Ainda de acordo com o estudo, “as mudanças na composição da microbiota oral estão associadas a mudanças na gravidade da insônia, nos níveis de cortisol salivar e nos escores de depressão e ansiedade”. As descobertas podem ajudar na criação de novos tratamentos contra estas doenças.
Há oposição!
Cientistas que não participaram do trabalho, no entanto, contestam os resultados. Segundo eles, existem algumas limitações na pesquisa, como o uso de relatos próprios para medir insônia, depressão e ansiedade. Além disso, devido a restrições financeiras, as amostras bacterianas foram coletadas apenas das amígdalas e da faringe, em vez de todo o microbioma oral.
Por conta disso, eles afirmam que seriam necessários novos estudos para efetivamente confirmar as hipóteses levantadas neste trabalho. De qualquer forma, a pesquisa levanta uma importante discussão de saúde.
Fonte: Olhar Digital