Bairro planejado inclui sistema capaz de absorver água da chuva

Chamadas de biovaletas, estruturas ajudam a desacelerar o fluxo da água; saiba como funciona
Uma iniciativa em Campinas, no interior de São Paulo, busca minimizar as enchentes e alagamentos. Trata-se de um sistema, chamado de biovaleta, capaz de contribuir para conter as águas pluviais. A biovaleta é uma espécie de modalidade de jardim de chuva, já mais conhecida. Com o uso de plantas aquáticas, a estrutura filtra e reduz os sedimentos da água antes de devolvê-la para o sistema de drenagem pluvial. Além disso, permite que a água se infiltre no solo, reduzindo, assim, os riscos de inundações.
Em Campinas serão instaladas, ao todo, 14 biovaletas no Órigo, novo bairro planejado da 3z Realty, que fica às margens da Rodovia Dom Pedro, próximo ao Galleria Shopping. O local contará com 114 canteiros pluviais com 570m², além de mais dois jardins de chuva com 228,38m².
Projetadas como canais para gerenciar o escoamento das águas pluviais em áreas urbanas, as biovaletas funcionam como uma espécie de “riacho” artificial, contribuindo para desacelerar, filtrar e absorver a água das chuvas, antes que ela chegue aos sistemas de drenagens.
A vegetação e o solo das biovaletas filtram os poluentes, como metais pesados e sedimentos, melhorando a qualidade da água que eventualmente chega de rios e lagos. Ao permitir que a água da chuva se infiltre no solo, as biovaletas ajudam a recarregar os aquíferos subterrâneos”, explica Márcio Serralvo, arquiteto e gerente de novos negócios da 3z Realty.
Além disso, as plantas nativas utilizadas nas biovaletas fornecem habitat para várias espécies, o que contribui para maior biodiversidade urbana. No entanto, para que as biovaletas sejam instaladas nas cidades, é preciso a obtenção de licenças ambientais comprovando que elas não geram impactos negativos no meio ambiente. Há também normas técnicas locais que orientam a construção e manutenção adequadas, que são estabelecidas por órgãos públicos municipais ou, dependendo até, federais.
Como são compostas as biovaletas?
As biovaletas possuem três componentes principais que contribuem para que o bairro se torne mais sustentável e seguro com relação a contenção de inundações. São eles:
• Cama Swale: é um canal gramado ou cheio de pedras que permite que a água diminua a velocidade e percorra o canal.
• Solo e vegetação: plantas e misturas de solo especialmente selecionadas para otimizar a filtração e a absorção de água.
• Drenos subterrâneos: em alguns casos, são adicionados drenos subterrâneos para auxiliar no transporte de água, especialmente em áreas com solos menos permeáveis.
O arquiteto Márcio Serralvo assinala que “esses componentes trabalham juntos para reduzir a erosão, filtrar poluentes e melhorar a qualidade da água, antes que ela chegue aos sistemas de esgotos”.
Valorização dos imóveis e benefícios para infraestrutura urbana
Márcio Serralvo também reforça que imóveis localizados em bairros ou localidades que tenham biovaletas têm sido mais valorizados no mercado imobiliário.
Com certeza, há uma crescente demanda por imóveis em bairros que possuem infraestrutura sustentável. E esses elementos são valorizados por compradores que buscam soluções mais ecológicas e que ajudam a prevenir enchentes e melhorar a drenagem urbana”, ressalta.
As biovaletas trazem pelo menos cinco benefícios funcionais para melhorar a infraestrutura urbana, além de serem projetadas para melhorar a estética urbana, criando espaços mais verdes. Confira os alguns desses benefícios:
• Redução do risco de enchentes diminuindo a velocidade do escoamento das águas pluviais;
• Remoção de poluentes atuando como filtros naturais, contribuindo para a melhoria da qualidade da água;
• Promovem a biodiversidade, criando habitats para diversas espécies;
• Melhoria da infiltração de água no solo ajudando a recarregar os aquíferos e reduzir a quantidade de água que precisa ser gerida por sistemas de drenagem.
Fonte: CicloVivo