Comportamento & Equilíbrio

Como a musicoterapia pode ajudar a saúde mental

Mais do que uma forma de entretenimento, a música pode atuar como uma ferramenta terapêutica

Quem não gosta de ouvir música? As canções possuem um poder extraordinário de transformar nosso estado emocional, afetando profundamente o nosso humor e bem-estar. De acordo com um estudo recente publicado na JAMA Network Open, os benefícios da música para a saúde mental são comparáveis aos de atividades físicas, como a prática de exercícios para controle de peso. O estudo foi realizado com aproximadamente 780 pessoas que mostraram que o impacto positivo em cantar, tocar ou ouvir música, era tão benéfico quanto fazer atividades físicas.
Rita de Cassia dos Reis Moura, especialista em musicoterapia e coordenadora do curso de Pós-graduação em Musicoterapia da Faculdade Santa Marcelina, explica que essa terapia pode ajudar tanto pessoas com distúrbios mentais quanto aquelas que buscam melhorar seu bem-estar.

A música estimula diversas áreas encefálicas e promove grande ginástica cerebral desencadeando alterações tanto fisiológicas como emocionais e comportamentais”, afirma.

Para além de prazeroso, ouvir música pode ser uma ferramenta terapêutica capaz de gerar impactos duradouros na saúde mental e na qualidade de vida das pessoas. Rita de Cassia detalha os benefícios da musicoterapia. As informações auditivas são transmitidas após várias sinapses em diversos locais do cérebro e termina no córtex associativo (multissensorial). A principal função é permitir selecionar o tipo de informação a tratar de forma prioritária; ela está ligada aos centros da vigília, das motivações, assim como aos centros de atenção.

Nesse momento, o ouvinte pode optar pela informação que seja mais interessante, cativante ou importante. Sendo assim, áreas do controle cognitivo emocional projetam seus axônios para diversas regiões corticais e subcorticais liberando neurotransmissores que modulam a atividade dessas áreas. Os neurônios colinérgicos excitam os dopaminérgicos que são fundamentais na mediação dos efeitos de recompensa ou prazer nos modificando de forma positiva.

Em outras palavras e de forma bem resumida, a música é capaz de ativar áreas do cérebro que, ao longo do processo, liberam substâncias como a dopamina, que trazem sensações de prazer e bem-estar. Dependendo do tipo de música que a pessoa escuta serão desencadeadas sensações positivas ou negativas. As aferências sensoriais podem ter efeitos emocionais sobre o encéfalo sem que o percebamos conscientemente. A emoção inconsciente pode liberar respostas neurovegetativas em experiências desagradáveis ou agradáveis e evocam uma maior atividade do encéfalo na região da amígdala e sistema límbico (é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais).

A sensação de calafrios foi descrita pela primeira vez por Goldstein em 1980 e são sentimentos de formigamento que os ouvintes às vezes experimentam. Calafrios são geralmente experiências agradáveis que podem ser acompanhadas por reações fisiológicas, como arrepios. Os calafrios parecem estar relacionados a estruturas musicais distintas e ao sistema de recompensa no cérebro.

Estudos utilizam os calafrios como indicadores de picos emocionais individuais, eles são indicadores confiáveis, combinando relatos de sentimentos subjetivos com excitação fisiológica: tipicamente a sudorese, secura da boca, tensão no estômago, respiração rápida, taquicardia e tensões musculares; além da percepção emocional: medo, raiva, alegria e tristeza, que são as reações básicas.
Temos ainda as emoções secundárias que são estados afetivos ou sentimos emocionais de estrutura e conteúdo mais complexos. Essas alterações estão diretamente relacionadas a estados comportamentais, emocionais e de relações interpessoais.

Como a musicoterapia pode auxiliar a saúde mental?
A saúde mental está relacionada à forma como as pessoas reagem às exigências, mudanças vivenciadas, desafios, como organiza suas ideias e emoções, claro que todos nós passamos diariamente uma série de experiências emocionais e como enfrentamos cada uma dessas experiências é que pode determinar nosso equilíbrio e saúde mental, estando diretamente relacionado com o bem-estar e qualidade de vida.

A musicoterapia como uma terapia que utiliza os sons/músicas para acionar grupo de neurônios envolvidos e conectados a diversas regiões cerebrais, promove estimulação de neurotransmissor/hormônios que liberados no meio extracelular poderão promover diferentes formas de comportamentos, entre eles os emocionais/comportamentais.

A musicoterapeuta tem tanto domínio musical como na área da saúde, os objetivos são bem específicos com o propósito de estimular, regular, modular e ativar funções cognitivas: como memória, motivação, atenção, concentração, controle motor, reflexão, bem como estados emocionais/humor e estados metabólicos.
Nesse sentido a saúde mental é um dos objetivos da musicoterapia no sentido de propiciar diferentes estímulos com intuito de obter equilíbrio, sensação de bem-estar, promover reflexão, harmonia no manejo positivo das adversidades e conflitos, promover o reconhecimento de limites individuais, das deficiências, satisfação em viver, nos relacionamentos, sensação de bem-estar e consequentemente melhor na qualidade de vida.

Fonte: CicloVivo

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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