Educação

Quem foi Milton Santos, um dos maiores nomes da Geografia no Brasil

Reconhecido internacionalmente, o professor recebeu o Prêmio Vautrin Lud, a mais alta honraria da área. Conheça sua história e suas contribuições para a ciência

Se hoje a Geografia é encarada como uma área de estudo que engloba também campos como sociologia, economia e política, é graças ao trabalho de Milton Almeida dos Santos. Conhecido por suas pesquisas sobre urbanização, especialmente em países pobres, e globalização, Santos foi reconhecido em 1994 com o prêmio Vautrin Lud, considerado o “Nobel da Geografia”. O baiano foi o primeiro fora do mundo anglo-saxão e único brasileiro a receber a distinção.

Saiba mais sobre sua vida e pesquisa

Pais professores
Nascido em 3 de maio de 1926 em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia, Santos tinha pais e avós maternos professores de primário. Foi com eles que aprendeu a ler, escrever, a falar francês e sobre álgebra. Ao completar 10 anos, mudou-se para Salvador, onde estudou no internato Instituto Baiano de Ensino. Foi lá, com as aulas do professor Oswaldo Imbassahy, que se interessou por Geografia.

Estudioso nato
Aos 13 anos, Milton Santos já lecionava matemática dentro do próprio internato e, aos 15, passou a lecionar também geografia. Com 18, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Mas não chegou a exercer a profissão: ao se formar, foi viver em Ilhéus para ser professor de Geografia no ginásio do colégio municipal. Além de dar aulas, trabalhava como jornalista e foi correspondente do jornal A Tarde, sediado em Salvador. Em 1956, ingressou de vez na carreira acadêmica, tornando-se professor da Universidade Católica de Salvador. Mas, pouco depois, foi convidado para fazer doutorado na França, onde completou os estudos com uma tese sobre o centro da capital baiana.

Exílio
Santos voltou da França muito atuante: fundou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais da Universidade Federal da Bahia, da qual se tornou livre docente em Geografia Humana; tornou-se editor do jornal A Tarde e virou subchefe da Casa Civil do Estado a convite do então presidente Jânio Quadros. Mas o ciclo durou pouco. Com o golpe militar de 1964, o pesquisador foi preso por 90 dias em um quartel do Exército. Ao ser solto, conseguiu negociar a saída do Brasil. Passou os 13 anos seguintes entre França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela, Tanzânia.

Crítico da globalização
Durante todo o período que passou fora, Santos seguiu pesquisando os processos e as estruturas de urbanização das cidades em países menos desenvolvidos. Tornou-se, além de um maiores teóricos sobre o tema, um forte crítico da globalização. Na sua visão, não seria possível nem sustentável globalizar sem enfrentar as desigualdades do mundo capitalista. Em sua obra Por uma outra globalização, dividiu o mundo em “globalização como fábula” (como ela nos é contada), “globalização como perversidade” (como ela de fato acontece) e “globalização como possibilidade”, em que explora a ideia de uma outra globalização.

Volta ao Brasil e pesquisas seguintes
Em 1977, Santos retornou ao País, mas demorou dois anos até que conseguisse voltar a lecionar em uma universidade brasileira. Ficou na Universidade Federal do Rio de Janeiro até 1983, quando entrou por concurso na Universidade de São Paulo como professor titular de Geografia Humana, até sua aposentadoria compulsória — que não o impediu de seguir trabalhando, pesquisando e sendo reconhecido com diversas honrarias. Recebeu título de Doutor Honoris Causa de 12 universidades brasileiras e sete estrangeiras. Morreu em São Paulo, aos 75 anos, vítima de câncer, no dia 24 de junho de 2001.

Fonte: Revista Galileu

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