Saúde

Dispositivo vestível consegue prever convulsões epilépticas

Sistema baseado em algoritmos de aprendizado de máquina analisa sinais do cérebro para prever convulsões futuras com até uma hora de antecedência

Uma doença neural altamente invasiva, a epilepsia pode ser também debilitante. Até 30% dos pacientes não respondem adequadamente aos medicamentos antiepilépticos e vivem sob o medo constante de convulsões iminentes. Mas pesquisadores israelenses desenvolveram um dispositivo que pode alertar seu usuário sobre crises até uma hora antes de seu início.
O Epiness foi criado na Universidade Ben-Gurion de Negev (BGU) e usa aprendizado de máquina para criar um algoritmo que alimenta um dispositivo vestível. O sistema envia um alerta para o smartphone do usuário para ajudar a evitar lesões relacionadas às convulsões.
“As convulsões epilépticas expõem os pacientes a vários riscos evitáveis, incluindo quedas, queimaduras e outros ferimentos”, explica Oren Shriki, pesquisador do Departamento de Ciências Cognitivas e do Cérebro da BGU. “Infelizmente, atualmente não há dispositivos de previsão de convulsões que possam alertar os pacientes e permitir que eles se preparem — só alertas para crises em tempo real”, completa.
O Epiness é baseado em uma combinação de monitoramento da atividade cerebral por meio de eletroencefalografia (EEG), junto com algoritmos proprietários de aprendizado de máquina. O sistema é projetado para filtrar ruídos não relacionados à atividade cerebral, extrair medidas informativas da dinâmica cerebral subjacente e distinguir entre a atividade cerebral antes de uma crise epiléptica esperada e a atividade cerebral quando não se espera que ocorra uma convulsão.
“Nossos algoritmos também permitem uma redução significativa no número de eletrodos de EEG necessários. O dispositivo que estamos desenvolvendo é preciso e fácil de usar. No momento, estamos desenvolvendo um protótipo que será avaliado em ensaios clínicos posteriormente neste ano”, conta Shriki.

Oren Shriki, pesquisador do Departamento de Ciências Cognitivas e do Cérebro da Universidade Ben-Gurion (Foto: Dani Machlis/BGU)

O sistema foi licenciado para posterior desenvolvimento e comercialização pela NeuroHelp, uma startup fundada pela BGN Technologies, a empresa de transferência de tecnologia da BGU. “Os dispositivos de alerta de convulsões atuais podem detectar convulsões enquanto elas acontecem, e a maioria delas depende de mudanças no movimento, como espasmos musculares ou quedas. O Epiness é o único que pode prever uma convulsão iminente e permitir que os pacientes e seus cuidadores tomem ações de precaução e prevenção de lesões”, afirma Hadar Ron, presidente da NeuroHelp.
O algoritmo foi desenvolvido e testado usando dados de EEG de um grande conjunto de pessoas com epilepsia que foram monitoradas por vários dias antes da cirurgia. O melhor desempenho de predição atingiu um nível de 97% de acuracidade, com desempenho próximo ao ótimo mantido (95%) mesmo com poucos eletrodos.

Fonte: Olhar Digital

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