Tecnologia & Inovação

Utensílios de bambu e bagaço da cana se decompõem em 60 dias

Além do benefício ambiental, material pode ter custo mais baixo do que plásticos ecológicos disponíveis hoje no mercado

O bagaço da cana-de-açúcar, subproduto do processo de extração, pode ser matéria-prima para plásticos biodegradáveis. Adicionando bambu na composição, chega-se a uma combinação ecológica, eficiente e barata. É o que sugere pesquisadores da Universidade do Nordeste, nos Estados Unidos, em artigo à revista Matter.
Em laboratório, os estudiosos testaram o uso dos dois materiais para criar bandejas, copos e tigelas. O objetivo era encontrar potenciais substitutos para os descartáveis. Afinal, a comodidade de “usar e jogar fora” foi popularizada há poucas décadas, mas foi tempo suficiente para tornar-se um dos grandes desafios ambientais.

(Foto: Ruby Wallau/Universidade do Nordeste)

“É difícil proibir as pessoas de usar contêineres descartáveis ​​porque são baratos e convenientes”, afirma Hongli (Julie) Zhu, professora e coautora do artigo. “Mas acredito que uma das boas soluções é usar materiais mais sustentáveis”.
De origem chinesa, Hongli afirma que a primeira vez que pisou nos Estados Unidos, em 2007, ficou chocada com a quantidade de itens plásticos descartáveis disponíveis nos supermercados. Tempos depois passou a focar seus estudos na identificação de materiais naturais e tecnologias que ajudem a reduzir nossa dependência do petróleo.

Plástico de bambu e açúcar

Hongli e seus colegas da Universidade do Nordeste moldaram recipientes enrolando fibras de bambu longas e finas com fibras curtas e grossas de bagaço de cana — formando uma rede estável. O resultado é um material forte, limpo, não tóxico, eficiente para reter líquidos e o melhor: começa a se decompor após 30 a 45 dias no solo. Em 60 dias, perde completamente sua forma.
A composição do “plástico” alternativo leva também AKD (Dímero Alquil Ceteno) — um produto químico seguro para a indústria alimentícia — para aumentar a resistência ao óleo e à água.
De acordo com os pesquisadores, o novo produto emite 97% menos CO2 do que os recipientes de plástico e 65% menos CO2 do que produtos de papel e plástico biodegradáveis disponíveis no mercado. Por aproveitar de resíduos, o custo também é favorável — sobretudo em comparação aos biodegradáveis. O próximo passo é baixar ainda mais para competir com os copos plásticos tradicionais.

Agora, imagine o potencial do Brasil, que é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Não à toa, o bagaço da cana já é estudado para diversas finalidades e esta pode ser mais uma delas.

Foto de capa: Ruby Wallau/Universidade do Nordeste

Fonte: CicloVivo

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