Cultura

O céu pelo olhar de crianças e adolescentes indígenas

Museu de Astronomia e Ciências Afins e Museu do Índio lançam exposição virtual com desenhos feitos por indígenas de cinco a 15 anos residentes de nove estados brasileiros

Como será que as crianças e adolescentes indígenas estão observando o céu neste período de pandemia? Essa reflexão está representada em forma de arte na nova exposição virtual Os Céus dos Povos Originários, que está aberta ao público no site do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Fruto de uma parceria entre o MAST e o Museu do Índio (MI), da Fundação Nacional do Índio (Funai), a mostra reúne 30 imagens de desenhos e pinturas feitas por meninos e meninas de cinco a 15 anos, integrantes de doze povos indígenas, que exigem seus olhares e percepções sobre o céu.
Estes jovens talentos residem em nove estados brasileiros: Fulni-ô (Pernambuco), Guarani-Mbya (São Paulo), Guarani-Nhandeva (Rio de Janeiro), Guarani-Kaiowá (Mato Grosso do Sul), Puri da Mantiqueira (Rio de Janeiro), Manoki e Timbira (Mato Grosso), Tingui-Botó (Alagoas), Tupiniquim (Espírito Santo), Tabajara e Tapuio-Itamaraty (Piauí), Kariri (São Paulo e Ceará) e Pitaguary (Ceará). Para acessar o site da exposição: http://mast.br/ceus-originarios/.

Respeito à diversidade

Entre os meses de setembro e outubro de 2020, o MAST e o MI abriram uma chamada pública para receber, via internet, trabalhos artísticos de crianças e adolescentes indígenas de todo o País, de modo a contemplar as relações desses jovens com o céu, sobretudo em meio ao contexto de pandemia.
A motivação inicial era, em resumo, a de aliar as percepções de diferentes povos originários sobre o céu à visão apresentada por crianças e adolescentes de todo o país na exposição virtual O Céu Que Nos Conecta, lançada em junho de 2020 pelo MAST.
Contudo, os curadores desta mostra — Victória Flório Pires de Andrade (coordenação) Alanna Dahan Martins, Kamylla Passos e Priscila Faulhaber (do MAST) e Alexander Noronha de Albuquerque, Bruna Cerqueira Sigmaringa Seixas, Carolina das Neves Francisco Lopez e Francisco Gomes Gonçalves (do MI) — optaram por nomear e dividir as salas por cada povo participante, ainda que algumas delas apresentem apenas um ou dois desenhos, para reforçar a diversidade entre os povos originários e ressaltar suas particularidades; evitando-se, assim, a ideia estereotipada de “índio” como um grupo único e homogêneo.

As mensagens nas pinturas

Arami Veron Cáceres-Guarani Kaiowa (Foto: Divulgação)

A maioria dos participantes desta exposição mora em terras indígenas, onde estão localizadas aldeias cujos próprios nomes, em geral, representam conexão com a natureza. Por meio dos desenhos, as mensagens feitas pelos artistas indígenas reafirmam a importância da unidade entre terra e céu, natureza, animais e pessoas, além de suas relações com as realidades e narrativas. Outro detalhe importante desta exposição é o fato de ela ser uma obra aberta. Os curadores da mostra pretendem, no futuro, ampliá-la com a colaboração de outros povos originários, sobretudo os que, por motivos diversos, não puderam estar presentes neste momento, a exemplo daqueles que habitam as regiões Norte e Sul.

Fonte: Revista Educação

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