Fundão, grande produtor capixaba de mel
Nos últimos anos a apicultura vem se tornando uma ótima alternativa para os produtores familiares de vários municípios do Estado e no município de Fundão não é diferente. Há anos, o município vem se mantendo no topo da produção de mel no ranking capixaba, mesmo com todo o desinteresse e a falta de apoio do poder público, a atividade surpreende.
Apesar de tudo, a apicultura pode se tornar uma das principais atividades de diversificação agrícola no município. Essa afirmação é de André Antônio Lopes, um dos fundadores da Associação dos Apicultores de Fundão (Fundamel). “A batalha vem sendo árdua desde que fundamos a associação, são quase vinte anos que procuramos nos organizar e ter reconhecimento do poder público municipal, mas, infelizmente, só recebemos não como resposta”, desabafa o apicultor. Acrescentando que a grande dificuldade enfrentada é a falta de conhecimento dos gestores sobre o processo de produção de mel e o retorno econômico que traz para a agricultura.
“Nosso município tem um potencial fantástico para o plantio de café e a abelha tem uma importância enorme no processo de polinização. Albert Einsten já dizia que “se a abelha desaparecesse da face da terra, nós, seres humanos, teríamos, no máximo, três ou quatro anos de vida”, isso porque 70% dos alimentos que a população mundial consome, as abelhas são as responsáveis por eles… Entraríamos em colapso com o extermínio delas”, alerta.
André explica ainda que muitos não sabem, mas Fundão é referência, no Estado, na produção de mel. “Os dezesseis apicultores associados à Fundamel, produzem, em média, 40 toneladas/ano e, se incluirmos os não associados, posso dizer que a produção anual chega a 100 toneladas. Os municípios de São Mateus, Muqui e outros já criaram a Casa do Mel, com excelente estrutura. Temos conhecimento disso porque estamos sempre participando de reuniões ministradas pelo Serviço de Apoio ao Micro e Pequeno Empreendedor (Sebrae)”, completa.
Como suporte ao trabalho desenvolvido, a fundação conta com parcerias importantes da Suzano e do Estaleiro Jurong, empresas que dão consultoria técnica para produção e cedem áreas para criação de novos apiários. “O nosso projeto de produção de rainhas é patrocinado pelo Estaleiro Jurong, é um projeto que está em fase embrionária, são três anos de trabalho, mas vamos chegar no nível de excelência. Já tivemos reunião com o prefeito Gilmar Borges e ele já sinalizou que essa questão faz parte do projeto da atual administração e eu acredito na seriedade dessa nova gestão”, esclarece.
Procurado pela nossa reportagem, o prefeito Gilmar se colocou à disposição da associação e de todos os produtores de mel município. “Estamos de olhos bem abertos para a produção de mel, vamos buscar recursos para melhorar toda cadeia produtiva do setor. A participação do município como indutor é importante, queremos dar condições aos produtores de modo geral com vias de acesso melhoradas e outras benfeitorias. O município tem um galpão nos bairros Campestre I e II e parte dele pode se tornar uma unidade de envasamento, estocagem e comercialização do produto. A partir desse movimento, vamos sentar com a associação para ver quais as outras necessidades. Vamos trazer o Sebrae para o processo e fazer com que o mel se torne mais ainda uma referência para o município… Ele será atrelado ao ecoturismo, como vem acontecendo de forma satisfatória em outros municípios”, declarou o prefeito.
Outro a se manifestar foi Rafael Palauro, secretário de Agricultura, Transporte e Serviços Urbanos, que se disse admirado com o trabalho desenvolvido pelos apicultores do município. “Não podemos ficar somente na produção de café e de banana, precisamos expandir as culturas, e a apicultura pode ser mais uma opção. O caminho é esse e a cadeia produtiva de mel terá todo apoio dessa nova gestão”, confirmou.
Foto de capa: Haroldo Cordeiro filho