Meio ambiente

O Rio Tâmisa renasce: trechos “biologicamente mortos” do famoso rio britânico atraem de focas a cavalos-marinhos

Novo estudo que analisa tendências ambientais nos últimos 64 anos vê sinais de vida “brilhantes” no rio que serpenteia o sul da Inglaterra

Um dos símbolos britânicos, o Rio Tâmisa, com seus 346 quilômetros que serpenteiam o sul da Inglaterra, atravessando Londres, já foi um dos rios mais poluídos do mundo, a ponto de ser considerado “biologicamente morto” em alguns de seus trechos. Seis décadas após o atestado de óbito e depois de um bocado de trabalho árduo para sua recuperação, essas áreas dão sinais de vida novamente.
É o que aponta um novo relatório da Zoological Society of London (ZSL, sigla em inglês), que analisa as tendências ambientais observadas no rio nos últimos 64 anos. Segundo o instituto, os dados trouxeram sinais “brilhantes” da melhora das condições no rio, com aumento de uma variedade de espécies de pássaros, mamíferos marinhos e habitats naturais, incluindo áreas pantanosas que ajudam a capturar CO₂ da atmosfera.
O cenário é bem diferente daquele que levou os cientistas a declararem partes do Tâmisa mortas no ano de 1957, quando ele estava devastado pela poluição e os animais mal conseguiam sobreviver. Agora, cavalos-marinhos, enguias, tubarões e até focas foram encontrados vivendo em canais antes considerados inóspitos. O renascimento é resultado de mais de 20 anos de projetos de despoluição, coleta e tratamento e esgoto nas regiões do entorno, e também de revegetação das várzeas do rio.

Ainda há muito a melhorar. Apesar de ganhos positivos em indicadores de qualidade, como concentrações de oxigênio dissolvido (OD) e de fósforo, que podem afetar a mortandade de peixes, foi observado um aumento na concentração de nitratos, que afetam negativamente a qualidade da água e da vida selvagem, além de produtos químicos que não são monitorados regularmente.
A expectativa é que com a conclusão das obras do Thames Tideway Tunnel, novo sistema conhecido como o novo superesgoto de Londres, previsto para 2025, as condições gerais do rio apresentem melhoras significativas. Além da poluição, o relatório também destacou como ponto de preocupação a crise climática e consequências como o aumento das temperaturas das águas e do nível do mar.
“Se vamos enfrentar a emergência climática, a natureza precisa estar no centro de nossa solução, tanto para desacelerar o ritmo das mudanças futuras quanto para se adaptar às mudanças que já estamos presenciando”, destacou James Brand, da agência ambiental do Reino Unido. Na lista de prioridades nessa frente, além de soluções tecnológicas, ele defende o uso de soluções baseadas na natureza, como a restauração de habitats, que beneficiam a biodiversidade e protegem contra os extremos do clima.

Fonte: Um Só Planeta

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