Cultura

Samba e a influência da África no ritmo favorito do Brasil

O Brasil é o país com mais descendentes africanos fora da África. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população é afrodescendente. Assim como temos muitas palavras de origem africana na nossa língua portuguesa, o próprio samba, uma instituição local, tem influência da África.
Com 54 países, o continente africano é rico e diverso em sua cultura composta por ideias, costumes, leis, crenças e conhecimentos. Colonizados assim como nós, os africanos receberam diversas influências de seus invasores.
Mas calma! O samba, sim, nasceu no Brasil. Mas seu nome deriva da palavra africana “semba”, um dos estilos musicais mais populares de Angola e que em kimbundo, uma das línguas do país, significa umbigada. Numa tradução livre, a palavra representa “o corpo do homem que entra em contato com o corpo da mulher ao nível do barriga”.

Roda de Semba (Foto: Johann Moritz Rugendas)

O gênero de música e de dança tradicional Semba se tornou muito popular nos anos 50, mas existe um consenso sobre a data de sua criação.
“Uma das possíveis origens, segundo Nei Lopes, seria a etnia quioco, na qual samba significa cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito. Há quem diga que vem do banto semba, como o significado de umbigo ou coração. Parecia aplicar-se a danças nupciais de Angola caracterizadas pela umbigada, em uma espécie de ritual de fertilidade. Na Bahia surge a modalidade samba de roda, em que homens tocam e só as mulheres dançam, uma de cada vez. Há outras versões, menos rígidas, em que um casal ocupa o centro da roda, escreveu Marcos Alvito, na Revista de história da Biblioteca Nacional.
A chegada dos ritmos africanos ao Brasil começou pela Bahia, maior porta de entrada dessa população. Trouxeram consigo estilos musicais como batuque, maxixe, chula, entre outros nomes, simbolizava a dança.
No Rio de Janeiro, o samba encontrou terreno fértil para nascer e se desenvolver. Capital do Brasil colônia, as terras cariocas receberam as umbigadas com nada menos que o Carnaval.

Na virada do século XX, o samba já era o gênero musical popular mais tocado e escutado nos subúrbios e, depois da especulação imobiliária, nos morros cariocas.
As primeiras canções desse encontro foram marchinhas de compositores como Pixinguinha (1897-1973) e Donga (1890-1974) com seu famoso grupo Caxangá, além de trabalhos solos de ambos, João da Baiana(1887-1974), filho da baiana Tia Perciliana, que gravou o samba “Batuque na cozinha”, entre outros. Tivemos ainda Chiquinha Gonzaga, que marcou a história da música escrevendo hinos carnavalescos entoados até hoje como “Ô Abre Alas”.

Com o passar do tempo, as marchinhas foram substituídas pelos sambas-enredo e, depois, ganhando toques modernosos com a introdução de instrumentos como o surdo e a cuíca, que nos pareceriam mais familiares ao samba que ouvimos hoje em dia.

Fonte: Hypeness

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