Bichos de estimação podem aliviar depressão e ansiedade
Novo estudo de Harvard comprova que a conexão profunda com cachorros pode mudar a vida para melhor
Por Marcia Sousa
Disponibilidade de tempo, atenção e estabilidade são alguns dos aspectos a serem analisados antes de tomar a decisão de comprar ou preferencialmente adotar um animal de estimação. Uma adoção responsável requer cuidados, afinal os pets não são objetos e não devem ser tratados como tal. Transpassada às barreiras, os bichinhos de estimação trazem alegrias imensuráveis e, de acordo com um novo estudo de Harvard podem até ajudar a reduzir sintomas de depressão e ansiedade, especialmente entre grupos de adultos vulneráveis.
O estudo transversal incluindo 214 mulheres — entre as quais 156 participantes haviam passado por abuso infantil — concluiu que um maior apego a animais de estimação foi associado a uma menor ansiedade generalizada. Um forte vínculo emocional a um animal — especialmente a um cão — foi associado à redução de sintomas gerais de ansiedade e depressão.
Os benefícios à saúde mental foram constatados em todos os adultos, mas especialmente aos que relataram algum tipo de abuso quando crianças. Segundo os pesquisadores, as descobertas sugerem que estudos futuros sobre o tema podem gerar novas estratégias para prevenir e tratar a depressão e a ansiedade em pessoas que sofreram abusos na infância.
Mesmo sem nenhum estudo, qualquer pessoa que possui ou já teve em sua vida a presença de um pet pode relatar o carinho e amor que os bichanos proporcionam. No estudo, conduzido por Eva Schernhammer, da Harvard Medical School, a teoria é que a posse de animais de estimação pode não influenciar diretamente os sintomas de depressão e ansiedade, mas pode exercer a sua influência por meio da “qualidade dos apegos” que as pessoas sentem pelos seus animais de estimação. Os pesquisadores supõem que, como as vítimas de abuso muitas vezes não estabelecem fortes ligações humanas, eles podem compensar criando fortes ligações com seus animais de estimação.
O estudo
Para chegar às conclusões, a pesquisa analisou dados de um estudo anterior em que a idade média dos participantes rondava os 60 a 61 anos. Dos 214 participantes, 72,6% tinham histórico de abuso físico e sexual na infância, o que aumenta o risco de depressão e ansiedade.
Todos responderam a questionários avaliando seus sintomas de ansiedade e depressão. Eles também responderam a um questionário sobre se possuíam cachorro, gato, pássaro ou outro animal. Um total de 140 participantes que tinham animais de estimação responderam a outro questionário que media o quão apegados eles eram ao seu animal de estimação. Destes, 78 possuíam cães e 46 possuíam gatos.
No geral, aqueles que tinham um nível mais elevado de apego ao seu animal de estimação tiveram uma pontuação mais baixa na medida de ansiedade generalizada (por exemplo, preocupação com vários aspectos da vida, tais como responsabilidades profissionais ou saúde familiar). Maior nível de apego aos cães foi associado a pontuações mais baixas em depressão e ansiedade generalizada. Os investigadores não encontraram nenhuma associação entre o apego ao gato e a depressão ou ansiedade, embora tenham notado que o número de donos de gatos no estudo pode não ter sido suficientemente significativo para detectar uma associação.
Todas as associações entre apego, depressão e ansiedade foram mais fortes no grupo de mulheres com histórico de abuso infantil. “Elas eram a grande maioria em nossa amostra, e acho que esse é um ponto importante a ser destacado. Espero que haja mais estudos bem-feitos sobre isso”, afirmou Eva Schernhammer, principal pesquisadora.
Não devemos prescrever um animal de estimação para alguém que não gosta de animais, mas se alguém quer um animal de estimação e pode acomodá-lo em sua vida, então esta pode ser uma boa maneira de lidar com os sintomas relacionados à depressão”, completou.
A pesquisa foi publicada no periódico JAMA Network Open.
Fonte: CicloVivo